sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

a bolsa ou a vida

‎"a bolsa ou a vida! se escolho a bolsa, perco as duas. se escolho a vida, tenho a vida sem a bolsa, isto é, uma vida decepada. vejo que me fiz suficientemente compreender.

foi em hegel que encontrei legitimamente a justificação dessa apelação de vel alienante. do que se trata, nele? - economizemos nossos tratos, trata-s...e de engendrar a primeira alienação, aquela pela qual o homem entra na vida da escravidão. a liberdade ou a vida! se ele escolhe a liberdade, pronto, ele perde as duas imediatamente - se ele escolhe a vida, tem a vida amputada da liberdade"
(lacan, seminário 11, p. 201)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ninguém nunca teve mais...



"se não tivesse o amor,
se não tivesse essa dor
e se não tivesse o sofrer
e se não tivesse o chorar
melhor era tudo se acabar
eu amei, amei demais
o que eu sofri por causa de amor ninguem sofreu
eu chorei, perdi a paz
mas o que eu sei é que ninguém nunca teve mais, mais do que eu"
(berimbau, vinicius, baden powell e paulo bellinati)

domingo, 14 de novembro de 2010

invento o cais

uma das coisas mais lindas já feitas no mundo...
"para quem quer se soltar invento o cais
invento mais que a solidão me dá
invento lua nova a clarear
...invento o amor e sei a dor de encontrar
eu queria ser feliz
invento o mar
invento em mim o sonhador
para quem quer me seguir eu quero mais
tenho o caminho do que sempre quis
e um saveiro pronto pra partir
invento o cais
e sei a vez de me lançar"
(cais - milton nascimento e ronaldo bastos)

domingo, 31 de outubro de 2010

a outra metade também...

"que não seja preciso mais do que uma simples
alegria para me fazer aquietar o espírito
e o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço
que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para faze-la florescer
porque metade de mim é plateia
e a outra metade é canção
que minha loucura seja ao menos perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também"
(oswaldo montenegro)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

sobre o resgate da subjetividade...

O NOME DA VACA (por Moacyr Scliar)
Ao ver que subestimara a psicologia animal, passou a batizar todas as vacas; o resultado foi fantástico.

No Ig Nobel, uma espécie de "Oscar" dos trabalhos científicos mais esdrúxulos do ano, foram premiados, na categoria de medicina veterinária, Catherine Douglas e Peter Rowlinson (Universidade de Newcastle, Reino Unido), por mostrarem que vacas que têm nome dão mais leite do que as que não têm.

crônica:
"OS DOIS ERAM IRMÃOS, os dois viviam no campo, os dois tinham tambos de vacas leiteiras. Não com o mesmo êxito, porém.
O tambo do irmão mais velho, Arnulfo, era muito bem-sucedido; produzia cerca de quatro a cinco vezes mais leite que o tambo do irmão menor, Miguel. E isso deixava Miguel frustrado e irritado. Simplesmente não conseguia identificar a razão dessa diferença.
As vacas de ambos os tambos eram da mesma raça, recebiam a mesma ração, os mesmos cuidados, eram assistidas pelo mesmo veterinário. Na hora da ordenha, contudo, as vacas de Miguel davam uma quantidade insignificante de leite. Em busca de uma solução, ele consultou outros criadores, numerosos veterinários e até adivinhos, sempre sem resultado.
Mas Miguel era um homem atento, informado. Estava sempre atrás de novidades no ramo leiteiro. Foi assim que leu, na internet, a notícia de um trabalho inglês mostrando um fato surpreendente: vacas que têm nome dão mais leite que vacas anônimas.
Miguel ficou boquiaberto. Dava-se conta de uma diferença fundamental entre as vacas de seu irmão e as dele. As vacas de Arnulfo todas tinham nomes, e nomes carinhosos: Mimosa, Princesa, Brejeira, Boneca. Nomes ternos, engraçados, nomes que faziam Miguel debochar do mano: para mim você anda tendo casos com suas vaquinhas.
Agora, porém, percebia seu erro, subestimando a psicologia animal. Um erro que corrigiu em seguida: no mesmo dia batizou todas as vacas, usando nomes de antigas namoradas (várias, felizmente). O resultado foi fantástico. Tal como sugerira o trabalho, a produção de leite aumentou astronomicamente.
Uma das vacas revelou-se particularmente produtiva. Na verdade, dava tanto leite que sua fama não tardou a espalhar-se. Se você vendê-la, vai ganhar uma fortuna, sugeriu Arnulfo. E Miguel de fato começou a pensar na possibilidade. Um dia de manhã, contudo, aconteceu algo inesperado. Ele foi ao tambo, e, como de costume, saudou as vacas pelo nome: bom dia, Silvana; bom dia, Daisy...
Mas quando chegou na campeã, constatou, perturbado, que esquecera o nome dela. E não houve jeito de lembrar, nem naquele dia, nem nos dias seguintes.
Resultado: a vaca não deu mais leite. Em vão, Miguel tentou usar outro nome; não, pelo jeito, ela queria mesmo o original.
Que ele não consegue lembrar. Lembra, sim, a moça de mesmo nome que havia namorado anos antes, em outra cidade, e que desde então perdera de vista. Namoro curto, porque a garota era muito chata; mas, quando ele anunciou o fim da ligação, ela fez uma ameaça que se revelou profética: um dia, disse, você vai pagar por ter me desprezado.
Agora, porém, percebia seu erro, subestimando a psicologia animal. Um erro que corrigiu em seguida: no mesmo dia batizou todas as vacas, usando nomes de antigas namoradas (várias, felizmente). O resultado foi fantástico. Tal como sugerira o trabalho, a produção de leite aumentou astronomicamente.
Uma das vacas revelou-se particularmente produtiva. Na verdade, dava tanto leite que sua fama não tardou a espalhar-se. Se você vendê-la, vai ganhar uma fortuna, sugeriu Arnulfo. E Miguel de fato começou a pensar na possibilidade. Um dia de manhã, contudo, aconteceu algo inesperado. Ele foi ao tambo, e, como de costume, saudou as vacas pelo nome: bom dia, Silvana; bom dia, Daisy...
Mas quando chegou na campeã, constatou, perturbado, que esquecera o nome dela. E não houve jeito de lembrar, nem naquele dia, nem nos dias seguintes.
Resultado: a vaca não deu mais leite. Em vão, Miguel tentou usar outro nome; não, pelo jeito, ela queria mesmo o original.
Que ele não consegue lembrar. Lembra, sim, a moça de mesmo nome que havia namorado anos antes, em outra cidade, e que desde então perdera de vista. Namoro curto, porque a garota era muito chata; mas, quando ele anunciou o fim da ligação, ela fez uma ameaça que se revelou profética: um dia, disse, você vai pagar por ter me desprezado.
E agora ele está pagando. Se pudesse, iria em busca da garota. Mas precisaria recordar-lhe o nome. O que está fora de seu alcance: o enigma do nome é o misterioso enigma da vida, que se manifesta em humanos e em vacas. Nos primeiros, pela capacidade de dar nomes; nas vacas, pela produção de leite."


"o que a ciência esvazia de significações, a arte pode preencher" (eduardo furtado, psicanalista)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

desrespeitou os sinais...


"bifurcação, entrocamento, contramão, são ruas sem fim, vias de fato aos pés de quem desrespeitou os sinais e atravessou ileso, decidiu flutuar, quis se plantar de peso. quando a noite cansar e a luz brotar a esmo, sigo meu caminhar, nunca amanheço o mesmo".
vídeo: thiago frança, juç...ara marçal e kiko dinucci, cantam vias de fato de douglas germano, kiko dinucci e edu batata

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

só o amor nessa vida conduz...


"se eles julgam que há um lindo futuro, só o amor nessa vida conduz. saibam que deixam o céu por ser escuro, e vão ao inferno à procura de luz"
(vídeo: gilberto gil e hildo hora, esses moços, de lupicinio rodrigues)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

eu enxergo!

“- quanto você enxerga?
- ... é só porque eu estava sonhando acordada
- sonhando acordada? sonhando com o quê?
- eu ouço música, ritmos.
- ora, vamos! música!
- ... precisa ficar atenta o tempo todo. prometa que ficará acordada!
- prometo parar de sonhar.”


“- eu já vi tudo
eu vi as árvores
eu vi as folhas do salgueiro dançando com a brisa
... eu vi vidas terminarem muito antes do fim
eu vi o que eu era
e sei tudo que serei
eu sei tudo isso
não há nada mais a ser visto
- você não viu os elefantes, reis ou peru
- fico feliz em dizer que mais o que fazer
- e a china, já viu a grande muralha?
- todo muro é ótimo, desde que segure o teto
- e o homem com quem irá se casar? e a casa que irá dividir?
- para ser bem franca, eu não me importo
- nunca esteve nas cataratas do niágara
- já vi muita água, e água é só água
- e a torre eiffel? o empire state?
- tão altos quanto a minha pulsação no meu primeiro encontro
- e as mãozinhas do seu neto brincando com seus cabelos?
- para ser bem franca, eu não me importo
eu já vi tudo
eu vi a escuridão
eu vi a luminosidade de uma pequena faísca
eu vi o que escolhi ver
vi o que precisava
e isso basta
querer mais seria avidez
eu vi o que eu era
e sei o que serei
eu já vi tudo isso
não há nada mais a ser visto
- você já viu tudo isso
e tudo o que você já viu
sempre pode rever na telinha da sua mente
a luz e a escuridão
o grande e o pequeno
guarde-os sempre em sua mente
não precisa de mais nada
viu o que você era
e sabe o que vai ser
você já viu tudo isso
não há mais nada para ver.
(- você não enxerga, não é?
- ... eu enxergo!)”
(dançando no escuro, filme de lars von trier
música: i've seen it all, björk)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Tecnologia deixa a privacidade cada vez mais anacrônica

"Desde a invenção da câmera fotográfica, o poder da imagem não para de crescer.
A fotografia é como um vírus que se transmuta para adaptar-se a cada novo surto tecnológico. Seu último grito se chama Google Street View.
O Google Maps, que tanto nos encantou, com voos e zooms em ambientes desconhecidos e familiares, agora perambula pelas ruas flagrando cenas constrangedoras e desconcertantes.
Tudo não apenas se tornou fotografável, mas também exibível, recurso que põe o dedo diretamente na ferida da privacidade. Vigilância/ privacidade é o binômio-chave que abre as portas de ambivalências, paradoxos, desafios e dilemas insolúveis do mundo digital.
Já estávamos acostumados e até adaptados às câmeras de vigilância: "Sorria, você está sendo filmado". E sorríamos mesmo. A vigilância é ambivalente. Serve para proteger, mas também invadir.
Foi-se o tempo em que privacidade significava "direito de estar só". Desde a explosão do rádio e da TV, ninguém mais está realmente só. Agora, os acelerados avanços tecnológicos tornam a privacidade cada vez mais anacrônica.
À vigilância das câmeras, que registram imagens pelos quatro cantos dos exteriores da cidade e de seus interiores, adiciona-se um tipo mais híbrido, onipresente e invisível, que emergiu com os computadores e se radicaliza com os dispositivos móveis ligados a redes e com tecnologias de geolocalização.
Sem nos darmos conta, a qualquer momento, em qualquer lugar, somos observados e nossos dados são absorvidos para destinos que desconhecemos.
Câmeras, satélites, celulares, cartões de fidelidade, chips de identificação, sites de relacionamento e mesmo a Wikipédia espreitam-nos sem trégua, pois esses dispositivos não descansam, não saem de cena. A adaptação a esse mundo parece exigir de nós, seres carnais, o mesmo poder de transmutação dos seres tecnológicos".
(Lucia Santaella, especial para a Folha de São Paulo, 06.10.2010)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

"só você vendo que botão de mágoa, moço"

"ô meu deus, que madeiro tão pesado. cada passo que ele dava, ele caía ajoelhado"

"tem que cantar, até pra eu ficar mais leve. se não cantar, pesa"

"eu deitada no seu colo, sereno não me molhou"

(terra deu terra come, filme de rodrigo siqueira)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

delicatessen

retrata um pouco do tanto da espécie humana, dos que os homens, tal qual pedaço de carne que somos, são diante de supostas situações de privação. com certo humor e inteligência nos coloca diante do que se pode ser, ou mesmo do que outrora teria sido. sobretudo nos convida a nos colocar e/ou questionar o lugar de sujeitos que ocupamos. sujeitos no sentido do que realmente o termo trata, é sujeito porque se sujeita, se sujeita à cultura, e é ela que nos possibilita viver juntos. o lindo do filme é que um palhaço é que faz retrato da sensibilidade e da possibilidade da beleza humana, do sujeito no mundo , que lembra da possibilidade das re.lações, da necessidade do perdão para que as pessoas possam viver juntas, afinal sempre haverá falhas e faltas, e da genuinidade de dar-se ao trabalho de pensar no que pode levar alguém ter determinadas escolhas. destaque à cena - aos meus olhos, a mais linda do filme - do violoncelo e do serrote que opostamente sofisticados, juntos são capazes de tocar e tocar e nos lembrar da fragilidade e da fortaleza que é ser sujeito humano. o triste é pensar que no dado momento da nossa política é também um palhaço – opostamente querido e sensível ao do filme - que está nos pondo diante da “nossa barbárie”, falta de questionamento e lugar no mundo. é um palhaço que retrata um tanto da nossa situação e faz quase vir um “é uma puta falta de sacanagem”, como disse a “sábia” fã dos pops e coloridos meninos “cantantes” da tal banda que ultimamente ganhou destaque e um tanto de prêmios na música brasileira, tal qual as bandas coloridamente semelhantes... e que também nos convidam para a possibilidade de reflexão sobre um tanto do que tem nos rodeado e nos questionarmos que posição queremos ocupar diante do que nos é oferecido, diante de nossos próprios sintomas, diante de nossa vontade de viver, e fazer de nossa existência algo da ordem do prazer que podemos ter enquanto sujeitos da cultura, enquanto sujeitos relacionais, e sim, podemos ter prazer... justamente a medida do prazer que nos permite viver.
(filme: delicatessen, de jean-pierre jeunet e marc caro, frança, 1991)
(texto: fernanda pereira)

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

sentimental eu sou...



"romântico é sonhar
e eu sonho assim..."
(sentimental demais, por altemar dutra, de evaldo goveia e jair amorin)
.
.
.
e eu sonho, ah.sim...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

fora da música...

"fora da música, você tem sempre essa nobreza de represar seus sentimentos, que certamente lhe doem, como deve doer leite empedrado" (chico buarque, leite derramado).

domingo, 19 de setembro de 2010

baarìa - a porta do vento

filme belo, delicado... nos coloca diante de nossa condição humana, de nossos desejos, almejos, intenções, temores... nos convida a nos posicionar perante nossos sonhos, sobretudo sobre nossa possibilidade de sonhar e atuar sobre eles... da força humana de insistir e de crer na possibilidade das coisas... de ver a beleza, de saber-se relacional... faz pensar além de nosso narcisismo de supor que somos os únicos ou poucos sujeitos amantes no mundo, amantes do mundo... de fazer perceber como os pensamentos e os afetos humanos são compartilhados e de como cada qual se faz em seus desejos... nos permite saber-se frágeis e crédulos da força da vontade de viver e de per.correr os caminhos seguintes. é um filme de amor, aos que se permitirem colocar-se diante do amor...
(baarìa, a porta do vento, filme de giuseppe tornatore)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

a cada mil lágrimas sai um milagre


"em caso de dor ponha gelo
mude o corte de cabelo
mude como modelo
vá ao cinema dê um sorriso
ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo

se amargo foi já ter sido
troque já esse vestido
troque o padrão do tecido
saia do sério deixe os critérios
siga todos os sentidos
faça fazer sentido
a cada mil lágrimas sai um milagre

caso de tristeza vire a mesa
coma só a sobremesa coma somente a cereja
jogue para cima faça cena
cante as rimas de um poema
sofra penas viva apenas
sendo só fissura ou loucura
quem sabe casando cura ninguém sabe o que procura
faça uma novena reze um terço
caia fora do contexto invente seu endereço
a cada mil lágrimas sai um milagre

mas se apesar de banal
chorar for inevitável sinta o gosto do sal do sal do sal
sinta o gosto do sal
gota a gota, uma a uma
duas três dez cem mil lágrimas
sinta o milagre
a cada mil lágrimas sai um milagre
cante as rimas de um poema
sofra penas viva apenas
sendo só fissura ou loucura
quem sabe casando cura ninguém sabe o que procura
faça uma novena reze um terço
caia fora do contexto invente seu endereço
a cada mil lágrimas sai um milagre"
(milágrimas, itamar assumpção e alice ruiz)

.

.

.

música desse sujeito que foi um dos grandes nomes da chamada vanguarda paulista, nascido em 13 de setembro de 1949, faria seu aniversário agorinha, dias atrás.... sujeito que foi cedo, aos 53 anos, mas ficou nas boas lembranças e vale os méritos, cantorias e homenagens, inclusive porque poucas foram feitas em vida; uma costumeira judiação, diga-se.
aos bons e apetecidos, de 15 a 30 de outubro shows lindos e com nomes como jards macalé, kiko dinucci, lenine, elza soares, isca de polícia e um tanto mais, acontecerão no sesc pompéia no lançamento da caixa preta de itamar assumpção: felicidade garantida!

sábado, 4 de setembro de 2010

com a falta...

“conviver [com a falta] seria aceitar e mesmo assim, lutar pelo desejo como se fosse um mundo de faz-de-conta: sabemos que somos seres castrados, faltantes, com a marca do sujeito que significa a falta-de-ser. entretanto, isso não nos impediria de correr atrás do desejo, de assumi-lo e de nos fazermos responsáveis pelas nossas escolhas”.
(claudio cesar montoto, 2005)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

tempo para amar...

há alguns dias ganhei uns livros de uma amiga amada... entre eles, o livro "por um fio", de drauzio varella. o misto entre o desejo de ler pelos que bem falam e a resistência por meus receios ao que soa muito pop, fizeram-me pensar algumas vezes antes de começar a ler... e eis que fui ver do que se tratava. o livro fala de algumas experiências do dr. drauzio com seus pacientes com doenças terminais ou progressivas, diante da iminência da morte ou da possibilidade de cuidados. suponho que o fato de eu ter trabalhado como psicóloga por cerca de um ano com pacientes terminais e progressivos tenham aumentado minha identificação com os relatos do livro e as sensações tidas durante as escutas dos pacientes.
não tenho a intenção de indicar a leitura do livro, fazer alguma crítica, ou mesmo um grande elogio. esse escrito é uma tentativa de por em palavras a sempre forte sensação que os lidos deram-me, a de que o que há de mais importante é de fato o amor.
os momentos mais delicados da doença e mesmo o fim da vida eram sempre acompanhados do desejo do amor, de ter ao lado os bons afetos. os que viveram uma vida de amargura e desprezo, e que nesse momento encontravam-se sozinhos, grande era o lamento e as queixas... a sensação era de injustiça, desamparo e negação dos caminhos traçados por cada qual para deparar-se com esse fim, e sim, a busca - com o pouco de força de vida que restava - por cuidados, por companhia, por afetos.
por outro lado, lindas eram as descobertas e os encontros com o tão quisto amor e o não morrer sozinho.

"... foi a vez de ele vir sozinho à consulta. não usava o terno cinza nem gravata; vestia camisa azul-clara e malha amarela, sua expressão estava descontraída, e os olhos tinham um frescor juvenil. não parecia a mesma pessoa.
no final do exame, disse-lhe que nunca o vira tão bem e perguntei a que se devia aquela mudança. sorriu, envergonhado como um adolescente:
- ao amor!
estava vivendo com uma outra pessoa... disse que foi o sorriso feminino mais encantador já dirigido a ele. uma alegria instantânea ressuscitou em seu espírito."

também...

"enquanto a saúde de seu israel permitiu, o casal visitou cidades européias, praias, lugares exóticos, e alugou um barco para passeio nos fins de semana. ele vinha para as consultas queimado de sol, otimista com a evolução da enfermidade, evidentemente feliz, como reconheceu uma vez em que elogiei a elegância das roupas novas:
- passei da idade das ilusões, mas foi a coisa mais maravilhosa que poderia me acontecer... precisei ficar velho e com uma doença que não perdoa para descobrir o prazer de viajar ao lado de uma mulher bonita, sincera e bem-humorada."

ou mesmo...

"aliás, nenhum lugar ou bem material tem significado algum. quando o tempo é curto o que interessa é estar atento aos pequenos prazeres, como ouvir o sabiá que me acordou esta manhã, e aproveitar em toda a intensidade a companhia das pessoas queridas."

é delicado pensar em como passamos nossas vidas ocupadas com os afazeres, com os compromissos sociais, com as responsabilidades do trabalho, com a preocupação em atender as demandas que tão pouco sentido fazem e que por vezes nem se sabe de onde vem... e deixar de lado justamente o que é a grande demanda, a demanda de amor... sobretudo supor que os afetos são de menos importância, ou mesmo que sempre estará lá em algum lugar reservado para atender o narcisismo de cada qual quando desejarem. há também os que são descrédulos do amor, das relações, das trocas, e não param para fazer “questão” da descrença que só fomenta a distância que o tão quisto amor toma em situações como esta.
é delicado pensar que para muitos é preciso uma vida inteira, e quiçá a morte, para dar-se conta do quão sublimes são os bons afetos, do quão apaziguador é o bom amor.

texto: fernanda pereira
livro: por um fio, drauzio varella , companhia das letras, 2004.
figura: "repouso na fuga para o egito", de caravaggio, 1595

terça-feira, 17 de agosto de 2010

objeto perdido

voltando para casa, em um ônibus, vi uma moça que havia levantado para descer em seu ponto voltar ao local em que estava sentada, com olhares de quem procura algo que perdeu. olhou ali por alguns segundos, e aparentemente nada achou. voltou para a porta e desceu. meia dúzia de pessoas que estavam ao redor do tal assento rapidamente se deu conta da tal procura e lá estavam todos olhando para ver se viam o que foi perdido. a moça nos instantes anteriores não havia feito grandes expressões, tampouco comentou algo... apenas olhou, não achou e foi embora... os que ali estavam, por alguns segundos mais continuaram olhando nos arredores do assento... como quem quer achar algo, algo perdido, que nem sabiam o que era. fiquei a pensar em como as pessoas estão à procura do suposto "objeto perdido" (o tal dito na psicanálise)... como se soubessem do que se trata, como se realmente em algum momento o tivessem tido, real.mente.
(figura: mãe e filho, picasso, 1921)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

no jongo...

"ali no jongo, alguém tá dizendo alguma coisa..."




sexta-feira, 13 de agosto de 2010

é o "mais amor"

vídeos do programa "café filosófico", pelo psicanalista flávio gikovati, com o tema "o amor que se vai".

-> o aconchego principal do amor deve derivar das afinidades intelectuais e do respeito pela individualidade, é o novo tipo de romance, é o “mais amor”.















excertos do programa:

-> o amor é o remédio para a dor do desamparo, que nasce quando nascemos.

-> condição uterina é o paraíso.
-> o nascimento é a expulsão do paraíso.

-> o amor é interpessoal, depende de um sujeito especial, em especial.

-> o sexo é excitação, é prazer positivo, não depende de um desprazer anterior. – sexo se pratica.
-> o amor é paz, é prazer negativo, depende de um desprazer. – amor se sente.

-> o tipo que ama mais intensamente, que é o generoso, é mais dedicado e interessado sexualmente, e geralmente com o parceiro do tipo egoísta. dois generosos podem se complicar - a mulher generosa dá e o homem generoso tem sua vontade diminuída. os casais que se dão bem por vezes têm vida sexual relativamente pobre.

-> a escolha do objeto adulto, que vai substituir a mãe, se dá pela admiração, conforme dizia platão, no banquete.

-> quanto mais baixa a minha autoestima, maior a tendência de admirar o meu oposto.

-> o amor não resiste a qualquer tipo de contratempo. acabou a admiração a coisa sentimental se vai.

-> trabalhar para eu deixar de ser o que sou, e não para o outro deixar de ser o que é!

-> queremos encontrar alguém para ser a imagem do nosso ideal ou queremos corrigir no outro aquilo que deveria ser corrigido em nós mesmos.

-> o tempo é o remédio efetivo para o luto. os mais ocupados são mais competentes para suportar o luto.

-> a dor da ruptura é da transição, não da solidão. a dor da solidão vem depois da transição, quando se acomoda na solidão.

-> ou você tem um parceiro que é eu seu oposto ou que é seu afim. com o oposto o individualismo não cresce, reforçam sim o egoísmo, duas metades que precisam cada vez mais um do outro.

-> o aconchego principal do amor deve derivar das afinidades intelectuais e do respeito pela individualidade, é o novo tipo de romance, é o “mais amor”.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

lançamento do livro "Poemas Noturnos" de Samuel Malentacchi

No dia 11 de agosto de 2010, próxima quarta-feira, teremos o lançamento do livro "Poemas Noturnos", do amigo e poeta Samuel Malentacchi. Será no Club Noir, Rua Augusta, 331. Todos estão convidados e são bem-vindos.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

da repressão e do repressor

triste, feio isso... isso das pessoas reprimirem as outras, de supor que devem conter o desejo do outro, de se colocar num lugar em que elas por si só bastam, sobretudo de mobilizar culpa nos outros pelos seus desejos. indíviduos assim costumam ser poliqueixosos, tudo é amargo e infeliz. encarnam com toda energia a insatisfação... e mobilizar também a insatisfação do outro é quase um prazer perverso. é lamentável, diga-se. os queixosos e repressores tendem a achar que os outros tem habilidades místicas de adivinhar qual o desejo do outro. a questão é: se eu não falar do meu suposto desejo, como saberão? é uma das coisas mais sábias e sublimes falar do desejo, sobretudo, saber-se e permitir-se desejante. quiçá que cada qual ache seus caminhos, se desfaça dessas amarras e possa construir seus próprios nós, seus próprios nós...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

re.lação

"amamos quando desconhecemos e nos desconhecemos; quando nos sentimos a mercê de uma alteridade inquebrantável; quando outro pode com um, mas não porque nos força a partir da sujeição e da violência, e sim a partir do encantamento".
(filósofo santiago kovadloff, 2003 apud psicanalista claudio césar montoto, 2005)
(desenho: fernanda pereira, "re.lação", da série arte sensível primitiva)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

psicanálise

“na fundação da associação psicanalítica internacional, em 1910, freud anunciou aos colegas: ‘os indivíduos aos quais fazemos descobrir o que recalcam experimentam hostilidade a nosso respeito; não podemos esperar uma amabilidade simpática da sociedade para com aqueles que desvelam impiedosamente seus defeitos e insufi...ciências’. em carta a arthur schnitzler, ainda escreveria que a psicanálise não é ‘um meio de se fazer amar’.
devemos esperar, por isso, de tempos em tempos [...] ocasiões para mais uma vez se falar em ‘crise da psicanálise’, o que jacques lacan (1901-1981), já em 1974, refuta com vigor, em termos definitivos: ‘a crise... não existe. a psicanálise ainda não encontrou seus próprios limites. há muito que descobrir na prática e no conhecimento. em psicanálise não há solução imediata, mas apenas a longa e paciente busca das razões’. além disso, há freud, arremata lacan, ‘que ainda não compreendemos inteiramente’"
(fernando aguiar, “ainda é preciso ler freud”. revista cult, n. 147, dossiê freud).

terça-feira, 20 de julho de 2010

muito grata...



hoje e em tantos outros dias é bom momento para contar como me sinto uma sujeita abençoada. ainda que ensaios de tristeza às vezes se façam presentes, não ouso ficar muito da queixosa, afinal sempre posso sorrir quando lembro do tanto de gente linda e que amo tanto, pertinho de mim... e para melhorar o que já é bom... ainda consigo surpreender-me com tanto que me ocorre, com as surpresas boas que aparecem... dá prazer acordar para saber o que o dia reserva... e reservo-me para ele... e para os bons afetos, e os bons amores... obrigada, vissê... tenho um tanto a agradecer!
(desenho: "queria ter dois corações - um pra te amar e o outro também", de fernanda pereira, título de arthur dantas, da série "arte sensível primitiva")

sexta-feira, 16 de julho de 2010

"eu quero é passar com elas..."


"estou cansado e você também
vou sair sem abrir a porta
e não voltar nunca mais
desculpe a paz que lhe roubei
e o futuro esperado que nunca lhe dei
é impossível levar um barco sem temporais
e suportar a vida como um momento além do cais
que passa ao largo do nosso corpo
não quero ficar dando adeus
as coisas passando
eu quero é passar com elas
e não deixar nada mais do que cinzas de um cigarro
e a marca de um abraço no seu corpo
não, não sou eu quem vai ficar no porto chorando
lamentando o eterno movimento dos barcos"
(movimento dos barcos, jards macalé e capinam, 1972)

terça-feira, 13 de julho de 2010

bilhete de moça

"antes mesmo que acabasse o baile, maria adelaide dizia à mãe que não queria ficar um minuto mais que fosse.
— que é isso? disse-lhe a mãe. deu uma hora agora mesmo.
— não quero saber. vamo-nos embora.
— ora, meu deus!
— vamos, vamos.
não havia que dizer, a mãe era governada pela filha, e perderia o lugar no céu, se tanto fosse preciso, para não desgostá-la. note-se que não cedia pouco desta vez; cedia a ceia, que era excelente, e a boa viúva professava esta filosofia: — que as ceias excelentes são preferíveis às boas, as boas às más e as más às que não têm existência. sacrificava a melhor parte do baile; mas, enfim, contanto que a filha não padecesse.
padecer, padecia. no carro, logo que as duas entraram, maria adelaide começou a ralhar com tudo, com o carro, com a capa, com o calor, com o pó, com a mãe e consigo mesma. a mãe entendeu logo: era algum desgosto que o chico alves lhe dera. realmente, lembrou-se que o chico alves, indo despedir-se delas, nem alcançou que maria adelaide olhasse para ele. a moça deu-lhe os dedos, a pontinha apenas, e falou-lhe de costas; naturalmente estavam brigados.
a viagem foi atribulada. nunca o mau humor da moça foi tamanho nem tão explosivo. a mãe pagou pelo namorado, mas como era prudente e estava com fome, preferiu não dizer nada.
em casa, continuou o mau humor. a pobre criada da moça padeceu como nunca. maria adelaide entrou para os seus aposentos, furiosa, despiu-se às tontas, dizendo coisas duras, rasgando uma das mangas do vestido, atirando as flores ao chão, raivosa e indignada sem causa aparente. no fim, disse à criada que se fosse embora, e ficando só rebentaram-lhe as lágrimas. assim mesmo sozinha, ia falando, mordendo os lábios, dando punhadas no joelhos. depois arrancou da cadeira, foi à secretária e escreveu este bilhete:
'nunca pensei que o senhor fosse tão pérfido. nunca imaginei que pudesse proceder como fez no baile; creia que não manifestei o meu desgosto, por dois motivos: — o primeiro, porque ainda tive força de me dominar; segundo, porque depois do que o senhor me fez, nada pode haver mais entre nós. case-se com a viúva, se quer. mande as minhas cartas e adeus. esta determinação é irrevogável. qualquer tentativa de reconciliação obrigar-me-á ao que não quero'.
tinha dado expansão à cólera, deitou-se para dormir. o sono não veio logo; a raiva agitou a pobre moça, e só quando começou a madrugada foi que ela pôde dormir um pouco. no dia seguinte, o chico alves recebia este bilhete:
'desculpa algumas palavras que te disse ontem no baile. estava muito zangada. vem hoje tomar chá, e eu te explico tudo'.
fim de um bilhete"
(um bilhete, machado de assis, publicado em "a estação", 1885)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

você está aí?

"o desejo é um tempo parado
é quando se trocam as datas dos bichos e das flores
é quando aumenta a rachadura da velha parede
é quando se vira a folha, a folha da história
é quando se pinta um fio branco na cabeleira preta
é quando se endurece o rastro de sorriso
no canto dos olhos
eu sei que a viagem é longa
a voz vai e vem
você ta aí?
você ta aí?
ei, você está aí?
vontade de abraçar o infinito"
(lirinha, "meu mundo dança", álbum "hoje acordei de sonhos intranquilos", de otto)

link música: http://www.radio.uol.com.br/musica/otto-e-lirinha/meu-mundo-danca/210474

quinta-feira, 1 de julho de 2010

você abusou...

primeiro samba que escutei em minha vida, em minhas recordações.
lembro que quando nina... bem nina mesmo, uma infante, pedacinho de carne... ouvia o vinilzinho joão carlos e jocafi, daqueles com uma ou duas músicas em cada lado... e a reação era rir e rir... ele estava lá, entre os vinis das fábulas infantis... mas nada me fazia rir mais (até porque as fábulas infantis não são sempre tão risonhas) que o tal vinil de antonio carlos e jocafi cantantes de "você abusou"...
já grandinha, na versão quase adulta, ouvi e reconheci com espanto a tal música da infância, já na voz de vinicius e maria creuza...
a parte menos engraçada, é que quando crescemos, e entendemos o significado das coisas, e sobretudo nos identificamos com elas, nem sempre a reação é "rir", é justamente o oposto...
mas vá lá... vinícius diz né "mas tem que sofrer, mas tem que chorar"... não acho isso negativo como alguns supõem. acho da ordem do humano... pessoas sentem dor, pessoas choram... também pessoas sambam e pessoas sorriem... e vivemos cada dia para a surpresa de cada instante... e saber que "vai passar", tanto o triste quanto o feliz, faz com que cuidemos um tanto mais do nosso presente, que é de fato o que temos... e que cuidemos com o carinho merecido de nós mesmos e daqueles com quem queremos dormir e acordar e saber que estão juntos... para tomar café da manhã, para jantar, para ir na peça da esquina, no lançamento do wood allen, no sofá com filme e pipoca, na sopa quentinha no frio, nos quadris para dançar, nos ombros para chorar e nas bocas para sorrir...

sábado, 26 de junho de 2010

desejo...




"o que não tenho e desejo
é que melhor me enriquece..."
(testamento, manuel bandeira)

a dor da saudade...


"a dor da saudade
quem é que não tem
olhando o passado
quem é que não sente saudade de alguém?

a dor da saudade...
a dor da saudade..."
(elpídio dos santos, a dor da saudade)
(vídeo: suzana salles, lenine santos e ivan vilela, na viola, itaú cultural, 2004)

domingo, 20 de junho de 2010

eles fogem...

"amigas, peço a devida licença para me dirigir exclusivamente aos meus semelhantes de sexo, esses moços, pobres moços, neste panfleto testosteronizado. sim, amigas, esses seres que andam tão assustados, fracos e medrosos, beirando a covardia amorosa de fato e de direito.
destemidas fêmeas, caso notem que eles não leram, não estão nem aí para nossa carta aberta, mostrem aos seus homens, namorados ou pretendentes, mostrem, recortem e colem nas geladeiras deles, larguem a página aberta no banheiro, na mesa do computador, na cabeceira da cama, deixem esta crônica grudada na tv. mas não antes do futebol, pois há o risco de simplesmente ser ignorada, enfim, me ajudem para que esta minha carta aberta aos rapazes chegue, de alguma forma, ao alcance dos trastes.
amigos, chega dessa pasmaceira, chega dessa eterna covardia amorosa. amigos, se vocês soubessem o que elas andam falando por aí. horrores ao nosso respeito. o pior é que elas estão cobertas de razão como umas marias antonietas cobertas de longos e impenetráveis vestidos.
caros, estamos sento tachados simplesmente de frouxos, medrosos, ensaios de macho, rascunhos de homens, além de tolos, como quase sempre somos.
prestem atenção, amigos, faz sentido o que elas dizem. a maioria de nós anda correndo delas diante do menor sinal de vínculo, diante da menor intimidade, logo após a primeira ou segunda manhã de sexo. o que é isso, companheiros? fugir à melhor das lutas?
nem vou falar na clássica falta de educação do dia seguinte. ora, mandem nem que seja uma mensagem de texto delicada, seus preguiçosos, seus ordinários. o que custa um telefonema gentil, queiramos ou não dar sequência à história?!
ora, depois daquela intimidade toda! tudo bem que não mandemos flores, mas um mimo em palavra, nem que seja um lacônico: “foi ótimo, noite linda!”
amigos, estamos errados quando pensamos que elas querem urgentemente nos levar ao altar ou juntar os trapos urgentemente. nos enganamos. erramos feio. muitas vezes, elas querem apenas o que nós também queremos: uma bela noitada!
por que praticamente exigimos uma segunda chance apenas quando falhamos, quando brochamos, algo demasiadamente humano? ah, eis o ego do macho, o macho ferido por não ter sido o garanhão que se imagina na cama.
sim, muitas querem um bom relacionamento, uma história com firmes laços afetivos. primeiro que esse desejo é legítimo, lindo, está longe de se um crime, e além do mais pode ser ótimo para todos nós.
enquanto permanecemos com esse medinho de homem, nesse eterno e repetido “estou confuso” – “eu to cafuso”, como diz didi mocó! –, a vida passa e perdemos mil oportunidades de viver, no mínimo, bons momentos do gozo e felicidade possível. afinal de contas, para que estamos sobre a terra, apenas para morrer de trabalhar e enfartar com a final do campeonato?
amigos, mulher não é para ser temida, é para nos dar o melhor da existência, para completar-nos, nada melhor do que a lição franciscana do “é dando que se recebe”, como cai bem nessa hora. amigos, até sexo pra valer, aquele de arrepiar, só vem com a intimidade, os segredos da alcova, o desejo forte que impede até o ato que mais odiamos, a velha brochada da qual tratamos aí em cima.
caros, esqueçamos até mesmo o temor de decepcioná-las, no caso dos exemplares mais generosos do nosso clube. não há decepção maior no mundo do que a nossa covardia em fugir do que poderia representar os bons momentos da felicidade possível, repito, não a felicidade utópica, que é bem polêmica, mas a felicidade que escapa covardemente entre nossos dedos a toda hora. acordemos, amigos homens!
rapazes, o amor acaba, o amor acaba em qualquer esquina, de qualquer estação, depois do teatro, a qualquer momento, como dizia paulo mendes campos, mas ter medo de enfrentá-lo é ir desta para a outra mascando o jiló do desprazer e da falta de apetite na vida. falta de vergonha na cara e de se permitir ser chamado de homem para valer e de verdade."
(xico sá, de uma carta aberta aos covardes no amor etc., do livro "chabadabadá")
(desenho: fernanda pereira, "...tu foges, ele foge, ... vós fugis, eles fogem", da série: arte sensível primitiva)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

mas dois...

"o amor como dom ativo está para além da fascinação imaginária, porque se dirige ao ser do outro em sua particularidade. trata-se de um amor que se inscreve no regime da diferença, onde dois não fazem um, mas dois..."
(ferreira, nadiá paulo, revista cult, dossiê amor, n. 146)
(desenho: fernanda pereira, "amar é cardíaco", arte sensível primitiva)
(título de luper, e meus ternos agradecimentos)

sábado, 5 de junho de 2010

delírio de arquivística

"acreditei que se amasse de novo
esqueceria outros
pelo menos três ou quatro rostos que amei
num delírio de arquivística
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos"
(ana cristina cesar, contagem regressiva, inéditos e dispersos)
(teatro, ana cristina cesar ou um navio no espaço, sesc santana, com paulo josé e ana kuerten)

sexta-feira, 4 de junho de 2010


"'quero brincar no teu corpo feito bailarina, que logo que alucina, salta e se ilumina quando a noite vem... e nos músculos exaustos do teu braço, repousa frouxa, farta, murcha, morta de cansaço'
'eu estou pro que der e vier... e eu sou apenas uma mulher...'"

domingo, 30 de maio de 2010

tulipa "efêmera"

“a música que chega aos nossos ouvidos é um tipo de promessa, pois o movimento elíptico da pulsão rodeia o objeto faltante. trata-se da promessa de que é possível o encontro amoroso. somos tomados pela esperança e pelo desejo de amar” (deise rossi, do livro: “o amor na canção”, 2003)

hoje foi lançamento do álbum "efêmera", show lindo, ...emocionante, com misto de lágrimas e sorrisos ao mesmo tempo numa mesma face, alegria de cá e de lá, coração pulsante e vontade de viver... de nos “tomar pela esperança e pelo desejo de amar”.

"como é legal essa sua transição..." (tulipa ruiz)

momento lindo, compartilhado por tantos que também estavam do lado de cá do palco, e tão afetivamente traduzido nas palavras, nos olhares, nos movimentos e nos acordes dos que estavam do lado de lá...
fomos atingidos pela "nota azul"...

ficará com todo carinho na alma e nas boas lembranças da vida!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

repouso

é deliciosa a sensação de sorriso que repousa serenamente na face quando se deita para dormir...: noite de paz!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

a duquesa suspirou...

lorde henry interrompeu.
- e também a boa reputação. todo efeito que produzimos nos proporciona um inimigo. quem quer ser popular tem que ser uma mediocridade.
a duquesa sacudiu a cabeça.
- isso não funciona com as mulheres. e quem governa o mundo são as mulheres e, posso assegurar, não suportamos mediocridades. nós mulheres, como alguém já disse, amamos com nossos ouvidos, assim como vocês, amam com os olhares. isto é, se é que amam.
- parece que é isso o que fazemos o tempo todo - murmurou dorian.
a duquesa entristeceu, de troça.
- ah, então vocês não conhecem o verdadeiro amor, sr. gray.
- minha cara gladys, como pode falar assim? - interrompeu lorde henry. - todo romance vive da repetição e a repetição converte todo apetite em arte. além disso, cada vez que amamos é a única vez que amamos. a diferença de objeto não altera a exclusividade da paixão, apenas a intensifica. podemos ter, na vida, no máximo, um grande experiência, e o segredo da vida está em repeti-la com a maior frequência possível.
a duquesa fez uma pausa.
- mesmo quando essa experiência nos fere, harry?
- especialmente quando nos fere.
a duquesa virou-se, olhou para dorian gray; nos olhos, a expressão de curiosidade, inquisitiva.
- e você, sr. gray, o que tem a dizer?
dorian hesitou, por instantes. depois, jogou a cabeça para trás, riu.
- eu sempre concordo com harry, duquesa.
- mesmo quando ele está errado?
- harry jamais está errado, duquesa.
- a filosofia dele deixa-o feliz?
- eu jamais procurei a felicidade. de que vale a felicidade? de minha parte, sempre procurei o prazer.
- e o encontrou, sr. gray?
- muitas vezes. muitas vezes.
a duquesa suspirou.
- quanto a mim, procuro a paz...
.
.
.
- você está apaixonada por ele?
a duquesa não respondeu de pronto. apenas contemplou a paisagem, até que, por fim:
- eu gostaria de saber.
lorde henry sacudiu a cabeça.
- sabê-lo seria fatal. o encanto está na incerteza. a bruma torna as coisas maravilhosas.
- mas as pessoas podem se perder.
- ora, minha cara gladys, todos os caminhos conduzem ao mesmo lugar.
- e que lugar é esse?
- a desilusão.
a duquesa suspirou."
(trechos de "o retrato de dorian gray", de oscar wilde)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

quero ter uma vida-lazer




"cidade abandonada: ponto inicial da transposição das águas"

"quero ter uma vida-lazer"

(filme: viajo porque preciso, volto porque te amo, de marcelo gomes e karim aïnouz)

terça-feira, 11 de maio de 2010

sobre o amor

"que é o desejado? é o desejante no outro, o que só pode se fazer se o próprio sujeito for situado como desejável, eis o que ele demanda na demanda de amor. 'o amor é dar o que não se tem, e só se pode amar fazendo-se como se não se tivesse, mesmo que se tenha. o amor como resposta implica o domínio do não-ter. dar o que se tem é a festa, não é o amor' (lacan, a transferência)".
(sobre o amor, dicionário enciclopédico de psicanálise, o legado de freud e lacan, pierre kaufmann)
(figura: eros)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

eclipsado pelo outro...

(figura do livro: o que é comunicação poética, de décio pignatari)

sábado, 8 de maio de 2010

meu partido...


meu partido?
é o partido alto!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

ela tocou...

cheguei em casa agora pouco... dia delicado...
a mais nova moradora estava no sofá, ao lado de mamãe...
papo vai, papo vem e ela conta que encontrou na rua uma moça que havia acabado de ganhar a tal relíquia... mamãe pediu para comprar e a moça para vender...
eis que a menina da foto estava então aqui...
pedi com o carinho, cuidado e aparente despretensão que mamãe tocasse... afinal passei 27 anos da minha vida ouvindo as histórias dela tocando lá nas suas terras, em sua infância... mas ela nunca mais tocou… nunca tocou para eu ouvir... há quase 40 anos ela não tinha uma dessa, segundo ela: "igual a de papai"...
ela, resistente, mas desejosa, tocou...
ai!!! indescritível as emoções... com misto de sorriso, choro contido e lágrima teimosa que escapou...
isso vai ficar guardado em mim...
ela "tocou"...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

é sempre samba...

e hoje, na aula de psicanálise, música e amor... enquanto a professora lia sua carta para belchior em que dizia:
"estamos condenados a buscar 'aquilo' que nos tornaria substanciáveis e encontramos objetos inadequados aos nossos desejos...",
eis que ela comenta:
"pois então, esses objetos é sempre sombra, de outra coisa"...
e eu, em meu ato falho de escrita, escrevo:
"é sempre samba, de outra coisa..."

terça-feira, 4 de maio de 2010

criança, a alma do negócio

link para o filme: criança, a alma do negócio... de estela renner
http://www.alana.org.br/CriancaConsumo/Biblioteca.aspx?v=8&pid=40

vale ver e escutar... de como a criança tem sido tomada como objeto de consumo... tal qual consumidor no mercado; de fazer a criança mais precoce para ter um consumidor...
e também para pensar sobre como o imaginário do adulto é captado pela criança dentro de suas perspectivas, como ela capta a categoria da importância e elege seus objetos supostos.

sábado, 1 de maio de 2010

da angústia...

“a angústia resultante da diferença entre as pulsões humanas e o ‘politicamente correto’ se evidencia, por exemplo, na pressão para o gozo no consumo e na impossibilidade de se gozar tudo que aparentemente o mundo oferta, ou, ainda, na sensação de não ser ‘perfeito’ ao gozar. [...] a angústia de um ser biologicamente gregário, nascido prematuro e dependente, inserido contraditoriamente num mundo que cobra a individualidade das suas escolhas e a obrigação de gozar a mais que seu semelhante, talvez possa dizer algo sobre uma violência, que por vezes escapa do sintoma no corpo para perder-se caoticamente no social”.
(fantini, joão angelo. imagens do pai no cinema: clínica da cultura contemporânea, 2009)
(figura: salvador dali, labyrinth
)

sexta-feira, 30 de abril de 2010

cebolas...

“haverá coisa mais normal, mais banal, mais igual a todo mundo, mais previsível, que oferecer um buquê de rosas? com um buquê de rosas estou dizendo: ‘você é igual a todas as outras’. para todas as outras ofereci buquê de rosas. e todas elas disseram e fizeram o que você fez agora. disseram: ‘que lindas’. e cheiraram as rosas. mas se eu desse um buquê de cebolas – que ela receberia com uma risada, sem cheirar – ela saberia que eu lhe estava dizendo: ‘você não é igual às outras. você leu pablo neruda”.
claro que o pai dela ficaria furioso, tentaria me expulsar da casa, por aquele gesto ofensivo, grosseiro. cebolas são entidades malcheirosas, culinárias, eu estava chamando sua filhinha de cozinheira. coitado. normal. literal. via do jeito como todo mundo via. estava de posse de sua razão. não lia pablo neruda. só lia os jornais, via o jornal nacional, usava cueca branca, pijama de bolinha, no restaurante sempre pedia o mesmo prato, não levava a mulher ao motel, e fazia romaria a aparecida. comia tédio como gosto. todo mundo come. é o normal...”
(rubens alves, em “cenas da vida”, referindo-se à “ode à cebola”, de neruda)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

acordes

a gente não quer acorde suspense,
a gente quer acorde de tônica
porque ele é repouso,
e tensão é dúvida

em relação de dois
nunca vai haver certeza
assim, é bom é a tônica
ela é lugar de descanso...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

menos estúpidas...

"eu queria que as pessoas fossem mais felizes... que fossem menos estúpidas. as pessoas são muito estúpidas e isso daí fere a alma da gente"
(norma bengell)

sábado, 24 de abril de 2010

sétimo selo

"o amor é a pior das pestes, mas morrer de amor seria um prazer.
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- nunca para de questionar?
- nunca vou parar.
- mas não tem respostas!
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- o que ela vê?
um anjo, o diabo, deus ou é apenas o vazio? o vazio...
- não pode ser.
- veja os olhos dela. ela está descobrindo algo. o vazio sob a lua.
- não.
- estamos impotentes... pois vemos o que ela vê e tememos o mesmo.
- ... não posso suportar!"
(o sétimo selo, filme de ingmar bergman, suécia, 1956)

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um filme que se dá a ousadia de falar do amor, do real, do vazio, da morte e da angústia.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

mary e max

"...queria que ele passasse mais tempo com ela, e menos com seus amigos mortos...
... sua mãe havia lhe dito que ela tinha sido um 'acidente'. como alguém pode ser um acidente?

...ele não conseguia entender porque ele era visto como diferente, enquanto todos os outros eram considerados normais...
ele concordava com seu físico favorito, de que existem apenas duas coisas infinitas: o universo e a estupidez humana...

... apesar de ter alcançado todos os objetivos de sua vida... ainda se sentia incompleto...

... você pode me explicar o amor e como eu posso ser amada?
... se ao menos houvesse uma equação matemática para o amor...
... ele sentia o amor, mas não sabia articulá-lo...

...a verdadeira amizade é vista com o coração, não com os olhos...
você não é perfeita. você é imperfeita igual a mim. todos os seres humanos são imperfeitos... ele disse que eu teria que aceitar meus defeitos e tudo mais, e que nós não escolhemos nossos defeitos; eles são uma parte de nós e temos que viver com eles. podemos, no entanto, escolher nossos amigos..."
(mary e max, direção e roteiro de adam elliot, baseado em uma história real...
filme lindo, delicado, humano e desidratante...)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

nunca mais?

e ainda duvidam da sabedoria infantil, rs...
bárbaro isso! eu tinha que postar!
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boa semana (começa hoje, né? quinta-feira) ;-)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

hamlet e o édipo

está em cartaz no club noir uma montagem adaptada de hamlet. essa foi a terceira ou quarta peça que vi no noir, e confesso que geralmente as peças lá vistas e dirigidas pela premiada juliana galdino me causam um certo estranhamento, um sensação oscilante de gosto e desgosto... mas o que quero contar nesse momento é sobre a ousadia dessa montagem de hamlet, e mais especificamente das cenas que remetem, aliás, escancaram o édipo. em um dado momento, a plateia é convidada por uma até então curiosa figura (o burro, do inconsciente de hamlet), a pensarem na morte do pai, do próprio pai, dada a argumentação que nenhuma cena ou imagem seria capaz de retratar o que isso pode mobilizar. e dado o convite, na penumbra, durante cerca de um minuto, a plateia se coloca diante da morte do pai em seus pensamentos... ao menos é esse o ousado convite. as cenas são retomadas... e dada a já sabida morte do pai, eis que o filho e a mãe encontram-se diante do desejo. ora, e como não há nada mais angustiante que encontrar o desejo, eis que torna-se inevitável, aos até então esquivos da morte do pai, a sensação da angústia ao deparar-se com a presença total da mãe. já sem o pai, que simbolicamente é quem alimenta a ilusão de intervir o sujeito entrar em contato com o objeto de gozo, com a invasão da "coisa" da mãe, eis que é literalmente gritante a angústia e consequentemente a tentativa de acabar com o objeto causa de angústia, isto é, a falta da falta.
(texto: fernanda pereira)
(foto: hamlet, club noir)

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aos apetecidos, fica a dica, hamlet, club noir, rua augusta, 331, sextas e sábados 21h e domingos 20h, até 23 de maio.
texto de roberto alvim e direção de juliana galdino

felicidade, obrigada...

“[...] tem-se uma concepção que faz da felicidade mais uma obrigação do que uma possibilidade que se experimenta vez ou outra no laço com o outro. cabe indagar como seria o laço entre pessoas que fazem da felicidade uma obrigação, em vez de apenas uma possibilidade surgida aqui e ali. uma das consequências não seria a ...dificuldade de conviver com a dor alheia? outra conseqüência possível seria fazer desse imperativo da felicidade uma justificativa para a excessiva medicalização da vida, na qual toda tristeza tende a ser tratada como depressão e motivo para se tomar remédio [...] aliás, parafraseando os irmãos coen, num mundo em que se é obrigado a se dar bem e a ser feliz, os fracos não tem vez”.
(eduardo furtado leite, psicanalista. “é possível falar em novas formas de perversão”. na revista cult, ano 13. 144).
(figura: vicente van gogh. l'arlésienne, 1888)

sábado, 10 de abril de 2010

abraçar é preciso

"este teu monitor é o quadrado mundo que impede o navegante de ir além-mar. fosse redondo eu poderia entrelaçar os meus dedos nos teus ou, quem sabe, buscar o horizonte onde divisam teus olhos. mas nem os olhos me fariam alcançar, pois como as vidas, escondidas, que amanhecem e entardecem além do olhar, um abraço não se enxerga e sonhos um olhar não conta. ao mundo que ultrapassa o além-mar dos teus olhos: abraçar é preciso."
(rita apoena)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

"com" o tempo...

"quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele
soprando sulcos na pele soprando sulcos?

o tempo andou riscando meu rosto
com uma navalha fina

sem raiva nem rancor
o tempo riscou meu rosto
com calma

(eu parei de lutar contra o tempo
ando exercendo instantes
acho que ganhei presença)

acho que a vida anda passando a mão em mim.
a vida anda passando a mão em mim.
acho que a vida anda passando.
a vida anda passando.
acho que a vida anda.
a vida anda em mim.
acho que há vida em mim.
a vida em mim anda passando.
acho que a vida anda passando a mão em mim

e por falar em sexo quem anda me comendo
é o tempo
na verdade faz tempo mas eu escondia
porque ele me pegava à força e por trás

um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer
que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos

acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando”
(viviane mosé, sequência “poemas tempo”, sem título. do livro “pensamento chão”, 2001)

domingo, 28 de março de 2010

que não seja meu o mundo onde o amor morreu...


"[...] ah, que não seja meu
o mundo onde o amor morreu

ah, não existe coisa mais triste que ter paz
e se arrepender, e se conformar
e se proteger de um amor a mais
e se arrepender, e se conformar
e se proteger de um amor a mais"
(vinícius de moraes e baden powell, tempo de amor)
(vídeo: baden powell e marcia sousa cantam, 1969)

sexta-feira, 26 de março de 2010

café de nietzsche

"não sou um homem, sou uma dinamite" (nietzsche)














(vídeos: café filosófico sobre nietzsche, com viviane mosé)

"o idealista é incorrígivel. se é expulso do seu céu, faz um ideal do seu inferno" (nietzsche)
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aproveito para indicar o site de viviane mosé, vale ver e ouvir:
http://www.vivianemose.com.br/#
não deixem de clicar no "extras" do site de mosé...

quarta-feira, 24 de março de 2010

indicação

aqui fica uma super indicação: o bar saci.
conheci esse sábado... e fiquei feliz...
é um bar, fruto de um projeto, com usuários e profissionais da saúde mental e vinculados a diversos CAPS e afins. além do bar com bebidinhas, servidos pelos usuários dos CAPS e profissionais que lá trabalham... há também uma série de arte.sa.natos (mosaicos, reciclados, bijus, enfeites etc...) que usuários de CAPS e de projetos que trabalham com saúde mental produzem e dispõe para venda. tudo, até então, é mantido com o trabalho deles.

no blog podem saber mais, do bar, das músicas, das artes... e afins...
http://barsaci.wordpress.com/

o endereço: rua wanderley, 702, perdizes.