sexta-feira, 27 de novembro de 2009

orfeu menos eurídice: coisa incompreensível...



"mulher mais adorada!
agora que não estás,
deixa que rompa o meu peito em soluços!
te enrustiste em minha vida,
e cada hora que passa
é mais por que te amar,
a hora derrama o seu óleo de amor em mim, amada...

e sabes de uma coisa?
cada vez que o sofrimento vem,
essa saudade de estar perto, se longe
ou estar mais perto, se perto
que é que eu sei?
essa agonia de viver fraco,
o peito extravasado
o mel correndo,
essa incapacidade de me sentir mais eu, orfeu;
tudo isso que é bem capaz
de confundir o espírito de um homem.

nada disso tem importância
quando tu chegas com essa charla antiga,
esse contentamento, essa harmonia, esse corpo!
e me dizes essas coisas
que me dão essa força, essa coragem, esse orgulho de rei.

ah, minha eurídice,
meu verso, meu silêncio, minha música!
nunca fujas de mim!
sem ti, sou nada.
sou coisa sem razão, jogada, sou pedra rolada.
orfeu menos eurídice: coisa incompreensível!
a existência sem ti é como olhar para um relógio
só com o ponteiro dos minutos.
tu és a hora, és o que dá sentido
e direção ao tempo,
minha amiga mais querida!

qual mãe, qual pai, qual nada!
a beleza da vida és tu, amada,
milhões amada! ah! criatura!
quem poderia pensar que orfeu,
orfeu cujo violão é a vida da cidade
e cuja fala, como o vento à flor
despetala as mulheres -
que ele, orfeu,
ficasse assim rendido aos teus encantos!

mulata, pele escura, dente branco
vai teu caminho
que eu vou te seguindo no pensamento
e aqui me deixo rente quando voltares,
pela lua cheia
para os braços sem fim do teu amigo!

vai tua vida, pássaro contente
vai tua vida que estarei contigo!"
(monólogo de orfeu, de vinicius e tom, por maria bethania)

sábado, 21 de novembro de 2009

minha ternura
















"não consigo explicar minha ternura. minha ternura, entende...?"
(ana c.)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

veja você...



"veja você, eu que tanto cuidei minha paz
tenho o peito doendo, sangrando de amor
por demais
agora eu sei a extensão da loucura que fiz
eu que acordo cantando
sem medo de ser infeliz

quem te viu e quem te vê, hein rapaz?
você tinha era manias demais
mas aí o amor chegou
desabou a sua paz
despediu seu desamor pra nunca mais
algum dia você vai compreender
a extensão de todo bem que eu lhe fiz
e você há de dizer: eu agora sou feliz
quem te viu e quem te vê, hein rapaz?"
(veja você, música de vinicius de morais e toquinho, cantam toquinho e clara nunes)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

minha frô amarela


'nenhum dia tiro você da lembrança...
no coração a saudade fez seu ninho...
volta pra cá pra eu te amar de pertinho'
(vídeo: cordel...)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

distancia...

"se não houvesse ferrovias para abolir as distâncias, meu filho jamais teria deixado sua cidade natal e eu não precisaria de telefone para ouvir a sua voz".
(freud, 1929, mal-estar na civilização - falando sobre a celebração das pessoas pelas invenções e avanços tecnológicos que suspostamente diminuem as distâncias, quando na verdade possibilitaram que elas aumentassem ainda mais).

domingo, 1 de novembro de 2009

'mancando...'

"também é importante estarmos sempre preparados para abandonar um caminho que perseguimos por algum tempo, se este afinal não mais se mostrar adequado. somente os crédulos, os que exigem da ciência um substituto para o catecismo abandonado, repreenderão o pesquisador por este desenvolver, ou mesmo reformular, seus pontos de vista. de resto, deixemos que um poeta (rückert, nos macamas de hariri) nos console...:

'aquilo a que não podemos chegar voando, temos de alcançar mancando.'

a escritura diz que: mancar não é pecado"

(freud, 1920, além do princípio do prazer)
(figura: hotel room, 1931, edward hopper)