quinta-feira, 15 de abril de 2010

hamlet e o édipo

está em cartaz no club noir uma montagem adaptada de hamlet. essa foi a terceira ou quarta peça que vi no noir, e confesso que geralmente as peças lá vistas e dirigidas pela premiada juliana galdino me causam um certo estranhamento, um sensação oscilante de gosto e desgosto... mas o que quero contar nesse momento é sobre a ousadia dessa montagem de hamlet, e mais especificamente das cenas que remetem, aliás, escancaram o édipo. em um dado momento, a plateia é convidada por uma até então curiosa figura (o burro, do inconsciente de hamlet), a pensarem na morte do pai, do próprio pai, dada a argumentação que nenhuma cena ou imagem seria capaz de retratar o que isso pode mobilizar. e dado o convite, na penumbra, durante cerca de um minuto, a plateia se coloca diante da morte do pai em seus pensamentos... ao menos é esse o ousado convite. as cenas são retomadas... e dada a já sabida morte do pai, eis que o filho e a mãe encontram-se diante do desejo. ora, e como não há nada mais angustiante que encontrar o desejo, eis que torna-se inevitável, aos até então esquivos da morte do pai, a sensação da angústia ao deparar-se com a presença total da mãe. já sem o pai, que simbolicamente é quem alimenta a ilusão de intervir o sujeito entrar em contato com o objeto de gozo, com a invasão da "coisa" da mãe, eis que é literalmente gritante a angústia e consequentemente a tentativa de acabar com o objeto causa de angústia, isto é, a falta da falta.
(texto: fernanda pereira)
(foto: hamlet, club noir)

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aos apetecidos, fica a dica, hamlet, club noir, rua augusta, 331, sextas e sábados 21h e domingos 20h, até 23 de maio.
texto de roberto alvim e direção de juliana galdino

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