quinta-feira, 22 de outubro de 2009

autoconservação

no processo de identificação, o sujeito identifica-se com seus semelhantes para assegurar-se humano. quando a agressividade aparece em primeiro plano, priorizada na projeção, isso pode ser um problema, e nesse processo, algo pode transformar essa agressividade em violência, que é o caráter paranóico, no qual a imagem de si é vista como sendo a imagem do outro, e uma espécie de persecutoriedade se dá em relação a própria imagem. dá-se então acontecimentos como ataques de pânico, estranhezas do ambiente, estranhamentos físicos - imagens e uma autopercepção que não é familiar ao sujeito, a princípio.
estamos pensando aqui num fragmento do processo da formação do eu, e quando surge esse eu, surge a pulsão de autoconservação, aquilo que define uma unidade. movimentos que coloquem essa integridade em risco, podem soar ameaçadores.
como exemplo, temos a mudança de um sujeito para um novo país. pode não haver sintonia do eu com o ambiente, é egodistônico. o que pode haver é uma ameaça imensa de desintegração do eu, pode-se então sentir pânico, ou mesmo perder a coerência do pensamento... a pulsão de autoconservação é acionada e o sujeito pede ajuda. porém, a pulsão sexual (aqui como sendo aquilo que coloca o eu em risco) atua como uma força que quer fazer escapar o desejo, e entra em choque com a pulsão de autoconservação, que é a que busca de preservar a integridade.
trata-se de um embate entre aquilo que quer preservar o eu e aquilo que o coloca em risco.
trata-se de refletir acerca da vivência e transformá-la em experiência que o coloque como uma possibilidade de existência, de sujeito no mundo diante das possibilidades. eis a autoconservação.
(fernanda pereira - reflexões de fragmentos a la fani)
(figura: room in brooklyn, edward hopper)

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