"amigas, peço a devida licença para me dirigir exclusivamente aos meus semelhantes de sexo, esses moços, pobres moços, neste panfleto testosteronizado. sim, amigas, esses seres que andam tão assustados, fracos e medrosos, beirando a covardia amorosa de fato e de direito.
destemidas fêmeas, caso notem que eles não leram, não estão nem aí para nossa carta aberta, mostrem aos seus homens, namorados ou pretendentes, mostrem, recortem e colem nas geladeiras deles, larguem a página aberta no banheiro, na mesa do computador, na cabeceira da cama, deixem esta crônica grudada na tv. mas não antes do futebol, pois há o risco de simplesmente ser ignorada, enfim, me ajudem para que esta minha carta aberta aos rapazes chegue, de alguma forma, ao alcance dos trastes.
amigos, chega dessa pasmaceira, chega dessa eterna covardia amorosa. amigos, se vocês soubessem o que elas andam falando por aí. horrores ao nosso respeito. o pior é que elas estão cobertas de razão como umas marias antonietas cobertas de longos e impenetráveis vestidos.
caros, estamos sento tachados simplesmente de frouxos, medrosos, ensaios de macho, rascunhos de homens, além de tolos, como quase sempre somos.
prestem atenção, amigos, faz sentido o que elas dizem. a maioria de nós anda correndo delas diante do menor sinal de vínculo, diante da menor intimidade, logo após a primeira ou segunda manhã de sexo. o que é isso, companheiros? fugir à melhor das lutas?
nem vou falar na clássica falta de educação do dia seguinte. ora, mandem nem que seja uma mensagem de texto delicada, seus preguiçosos, seus ordinários. o que custa um telefonema gentil, queiramos ou não dar sequência à história?!
ora, depois daquela intimidade toda! tudo bem que não mandemos flores, mas um mimo em palavra, nem que seja um lacônico: “foi ótimo, noite linda!”
amigos, estamos errados quando pensamos que elas querem urgentemente nos levar ao altar ou juntar os trapos urgentemente. nos enganamos. erramos feio. muitas vezes, elas querem apenas o que nós também queremos: uma bela noitada!
por que praticamente exigimos uma segunda chance apenas quando falhamos, quando brochamos, algo demasiadamente humano? ah, eis o ego do macho, o macho ferido por não ter sido o garanhão que se imagina na cama.
sim, muitas querem um bom relacionamento, uma história com firmes laços afetivos. primeiro que esse desejo é legítimo, lindo, está longe de se um crime, e além do mais pode ser ótimo para todos nós.
enquanto permanecemos com esse medinho de homem, nesse eterno e repetido “estou confuso” – “eu to cafuso”, como diz didi mocó! –, a vida passa e perdemos mil oportunidades de viver, no mínimo, bons momentos do gozo e felicidade possível. afinal de contas, para que estamos sobre a terra, apenas para morrer de trabalhar e enfartar com a final do campeonato?
amigos, mulher não é para ser temida, é para nos dar o melhor da existência, para completar-nos, nada melhor do que a lição franciscana do “é dando que se recebe”, como cai bem nessa hora. amigos, até sexo pra valer, aquele de arrepiar, só vem com a intimidade, os segredos da alcova, o desejo forte que impede até o ato que mais odiamos, a velha brochada da qual tratamos aí em cima.
caros, esqueçamos até mesmo o temor de decepcioná-las, no caso dos exemplares mais generosos do nosso clube. não há decepção maior no mundo do que a nossa covardia em fugir do que poderia representar os bons momentos da felicidade possível, repito, não a felicidade utópica, que é bem polêmica, mas a felicidade que escapa covardemente entre nossos dedos a toda hora. acordemos, amigos homens!
rapazes, o amor acaba, o amor acaba em qualquer esquina, de qualquer estação, depois do teatro, a qualquer momento, como dizia paulo mendes campos, mas ter medo de enfrentá-lo é ir desta para a outra mascando o jiló do desprazer e da falta de apetite na vida. falta de vergonha na cara e de se permitir ser chamado de homem para valer e de verdade."
destemidas fêmeas, caso notem que eles não leram, não estão nem aí para nossa carta aberta, mostrem aos seus homens, namorados ou pretendentes, mostrem, recortem e colem nas geladeiras deles, larguem a página aberta no banheiro, na mesa do computador, na cabeceira da cama, deixem esta crônica grudada na tv. mas não antes do futebol, pois há o risco de simplesmente ser ignorada, enfim, me ajudem para que esta minha carta aberta aos rapazes chegue, de alguma forma, ao alcance dos trastes.
amigos, chega dessa pasmaceira, chega dessa eterna covardia amorosa. amigos, se vocês soubessem o que elas andam falando por aí. horrores ao nosso respeito. o pior é que elas estão cobertas de razão como umas marias antonietas cobertas de longos e impenetráveis vestidos.
caros, estamos sento tachados simplesmente de frouxos, medrosos, ensaios de macho, rascunhos de homens, além de tolos, como quase sempre somos.
prestem atenção, amigos, faz sentido o que elas dizem. a maioria de nós anda correndo delas diante do menor sinal de vínculo, diante da menor intimidade, logo após a primeira ou segunda manhã de sexo. o que é isso, companheiros? fugir à melhor das lutas?
nem vou falar na clássica falta de educação do dia seguinte. ora, mandem nem que seja uma mensagem de texto delicada, seus preguiçosos, seus ordinários. o que custa um telefonema gentil, queiramos ou não dar sequência à história?!
ora, depois daquela intimidade toda! tudo bem que não mandemos flores, mas um mimo em palavra, nem que seja um lacônico: “foi ótimo, noite linda!”
amigos, estamos errados quando pensamos que elas querem urgentemente nos levar ao altar ou juntar os trapos urgentemente. nos enganamos. erramos feio. muitas vezes, elas querem apenas o que nós também queremos: uma bela noitada!
por que praticamente exigimos uma segunda chance apenas quando falhamos, quando brochamos, algo demasiadamente humano? ah, eis o ego do macho, o macho ferido por não ter sido o garanhão que se imagina na cama.
sim, muitas querem um bom relacionamento, uma história com firmes laços afetivos. primeiro que esse desejo é legítimo, lindo, está longe de se um crime, e além do mais pode ser ótimo para todos nós.
enquanto permanecemos com esse medinho de homem, nesse eterno e repetido “estou confuso” – “eu to cafuso”, como diz didi mocó! –, a vida passa e perdemos mil oportunidades de viver, no mínimo, bons momentos do gozo e felicidade possível. afinal de contas, para que estamos sobre a terra, apenas para morrer de trabalhar e enfartar com a final do campeonato?
amigos, mulher não é para ser temida, é para nos dar o melhor da existência, para completar-nos, nada melhor do que a lição franciscana do “é dando que se recebe”, como cai bem nessa hora. amigos, até sexo pra valer, aquele de arrepiar, só vem com a intimidade, os segredos da alcova, o desejo forte que impede até o ato que mais odiamos, a velha brochada da qual tratamos aí em cima.
caros, esqueçamos até mesmo o temor de decepcioná-las, no caso dos exemplares mais generosos do nosso clube. não há decepção maior no mundo do que a nossa covardia em fugir do que poderia representar os bons momentos da felicidade possível, repito, não a felicidade utópica, que é bem polêmica, mas a felicidade que escapa covardemente entre nossos dedos a toda hora. acordemos, amigos homens!
rapazes, o amor acaba, o amor acaba em qualquer esquina, de qualquer estação, depois do teatro, a qualquer momento, como dizia paulo mendes campos, mas ter medo de enfrentá-lo é ir desta para a outra mascando o jiló do desprazer e da falta de apetite na vida. falta de vergonha na cara e de se permitir ser chamado de homem para valer e de verdade."
(xico sá, de uma carta aberta aos covardes no amor etc., do livro "chabadabadá")
(desenho: fernanda pereira, "...tu foges, ele foge, ... vós fugis, eles fogem", da série: arte sensível primitiva)
(desenho: fernanda pereira, "...tu foges, ele foge, ... vós fugis, eles fogem", da série: arte sensível primitiva)
4 comentários:
...fui pego, fisgado, surpreendido, agarrado, quero sentir meus pés quentes.
Ótimo texto, Fe. Que todos leiam, homens e mulheres (porque parece que todos andam meio fujões ultimamente, né?).
Destaque pro desenho da artista... =)Demais.
" Como sempre excelente... "
J.
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