"ninguém me escuta, posso falar por fim,
um menino nas trevas é um morto.
não sei por que tinha que morrer
para seguir sem rumo no deserto.
de tanto amar cheguei a tanta tristeza,
de tanto combater fui destruído
e agora entre as mãos de tereza
dormirá a cabeça de um bandido.
foi meu corpo primeiro separado,
degolado depois de ter caído,
não clamo pelo crime consumado,
só reclamo por meu amor perdido.
...
mas como saberão os que virão
entre a névoa, a verdade desnuda?
daqui a cem anos, peço, companheiros,
que cante para mim pablo neruda
não pelo mal que tenha ou não tenha feito,
nem pelo bem, tampouco, que sustive,
mas porque a honra foi meu direito
quanto perdi o único bem que tive.
e assim na inquebrantável primavera
passará o tempo e se saberá minha vida,
que em sendo amarga e também é justiceira
não a dou por ganha nem perdida.
e como toda vida passageira
foi talvez como um sonho confundida.
os violentos mataram minha quimera
e por herança deixo minhas feridas."
(fala a cabeça de murieta, na barcarola - de pablo neruda)
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fê,ridas e voltas
terça-feira, 21 de abril de 2009
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