a figura que marca a geografia da época é o deserto...
...é a “era do vazio” (lebowski)...
vive-se numa sociedade do “futilitário”, isto é, do lixo que o homem produz e não sabe o que fazer com ele...
...quer-se objetos e precisa-se objetivar tudo...!
num mundo globalizado... e virtual dos computadores... se está cada vez mais sem fio (leia-se “fio”: ligação)...
é a era das relações virtuais, em que pessoas já não se encontram... eis a relação “autística”...
é uma globalização que provocou crises na identidade... o sujeito já não sabe quem é, tampouco ao que pertence. propõe-se a globalização e eis que se tem a individualização...
... é a sociedade narcísica... do piercing no próprio umbigo...
os sintomas atuais (toxicomania, bulimia, anorexia, vigorexia, solidão) já não são caracterizados pela proibição e pela transgressão, tais quais as histéricas de freud, mas sim pela busca do grupo e da identidade como forma de laço, dado que não há mais “pai” para regular as re.lações. os sintomas atuam para dar identidade ao sujeito globalizado que está sem pátria.
nos crimes atuais, por exemplo, nota-se a imensa quantidade de crianças maltratadas... não se mata mais o “pai”, mas sim os filhos.
lacan diria que estamos vivendo numa infância generalizada... não há mais pessoas adultas, responsáveis pelo seu sofrimento, seu gozo...! estão infantilizadas e reduzidas ao objeto.
o comando pelo nome do pai, de outrora, já não existe. no segundo capitalismo ou pós-modernidade (pós 50)... mudanças nas relações deram-se caracterizadas no mercado de consumo, pelo incentivo descomedido para consumir. as relações aparecem então reguladas pela lógica do mercado.
o “outro” contemporâneo é o da demanda, não o do desejo.
os sujeitos comandam os objetos e são comandados por eles:
“ipode”... não pode...!
multiplicaram-se os ideais! vivemos na sociedade da morte e do edonismo...
morte: “matar-se” de trabalhar... suicidar-se...
edonismo: bem-estar, obrigatório (é proibido sofrer); bens de consumo... “meu-bem” de consumo... meu bem dá consumo...; ser feliz, pois não é permitido ser triste.
há sempre o “remédio para o mal” (cura rápida do sintoma e a promessa de felicidade)
e há o “mal para o remédio”...
... crê-se que os sintomas precisam ser eliminados rapidamente, sem questionamento. não se questiona a compulsão e as próprias patologias que são as do consumo.
e numa sociedade em que todos devem ser felizes, eis a depressão...
e numa sociedade em que todos devem estar no mundo, eis a síndrome de pânico.
ora, o inconsciente governa e determina o sintoma...
ainda assim, o saber inconsciente é rebaixado, desqualificado.
o sujeito do inconsciente é apoiado na experiência do saber... de um saber não sabido, um saber que não sei que sei.
a psicanálise é o lugar para a palavra... a chance de sair de objeto para sujeito...
de saber do ser comandando pelo inconsciente e sobretudo então comandá-lo.
a causa do sintoma tem a ver com o desejo... deve-se buscar ouvi-lo, entender o que quer dizer.
o sujeito que diz não a psicanálise é o que não quer saber sobre si.
freud mostra que há o inexplicável... que não somos detentores do saber... ora, eis então: “do que se trata?”
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“sertão é dentro da gente” (guimarães rosa)
ser.tão é dentro da gente...
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fê: desert...ando no ser.tão
(de "ssss" gualcinéia gomes e um tanto do que me veio)
domingo, 14 de setembro de 2008
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3 comentários:
...Gera.ação do não gerar, do copiar sem rascunhar, do aumentar sem esticar. A era do aquário vazio, do rio sem graça, do não bem estar na praça. Do em pares ímpares. Do grito mudo, da dor analgésica, do 4° poder de cada um. Das esperanças nas salas de espera, das namoradeiras nas janelas, das madeiras magricelas...Das poucas palavras ainda belas.
Obrigada pelas boas vindas =)
"...quer-se objetos e precisa-se objetivar tudo...!"
Ah, o texto é brilhante.
Ah! Estou te favoritando =)
beijos =*
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