huuum, hoje é "dia aniversário" e quis me delongar aqui sobre alguns dos achados desse meu ano. com o risco de não me fazer compreensível, optei por fazer uma quase associação livre em texto: escrever o que me veio, na ordem que veio e quase sem censura. eis que compartilho...
alguns sentimentos fizeram-se presentes, a palavra recorrente e tradutora do que muito senti, é a saudade. palavra tupiniquim, que só nós brasileiros temos para traduzir tamanha sensação, mas que apesar da bela tentativa, só cada sujeitinho é que sabe o que ela significa, e no meu caso, só eu sei do quanto ela me fez sorrir quando eu fechei os olhos e as boas lembranças vieram, e como ela mobilizou lágrimas, das correntes e sem aparente fim: cachoeiras, e das quase imperceptíveis que eu só sabia da sua ousada presença quando a sensação da umidade da fina lágrima escorria pelo meu rosto.
pessoas queridas e amadas foram para longe, estão noutros lugares, algumas fazem planos de ficar, outras de voltar, outras ainda não sabem se sabem. até eu por vezes faço meus planos de ir. a distância que me separa de meus amores e de meus afetos não se faz silenciosa em meu peito, mas tenho a garantia e o afago de tê-las em presença dentro de mim.
tive algumas descobertas, e novos olhares para coisas de outrora, difícil esboçar sobre elas. quero então especialmente comentar do quão delicado e do quão imenso é descobrir-se frágil... entender de uma passividade que me permite atuar tal qual sujeito que sabe-se doadora, mas que sobretudo se encontra com suas próprias faltas, que assume-se como alguém que também precisa e pode receber. confesso não me recordar do último colo em que me deitei, mas recordo-me da sensação e dela ainda quero deleitar-me.
algumas pessoas repetidamente me contaram da impressão que tinham do quanto eu sou feliz e do quanto sou forte, e de fato tenho um bocado disso tudo em mim, mas o pesar e a fragilidade habitam aqui também. a sensibilidade atua em ambos os lados, e agradeço por isso. ainda que um suposto desejo de imunidade exista, a verdade é que não conheço nada mais humano do que sentir, e saber-se sujeito no mundo enquanto alguém que se permite aos sentimentos e às razões das emoções.
hoje resolvi mudar de perfume. na loja, o perfume novo que escolhi tem algumas essências semelhantes ao de outrora, no entanto é mais doce, mais leve, mais harmônico, ainda que intenso. a doçura me apetece profundamente, mas sobretudo a feminilidade e a harmonia que esse perfume traz foram instigantes na escolha, escolha da ordem olfativa, diga-se, mas que como os outros sentidos, vem falar de uma busca... a busca de um meio, e o que quero dizer é que posso entender que o meio pode sim ser bom, que ele é o que tenho de mais próximo da tão desejada paz: nem carência, nem excesso.
entra tantas coisas, e eis que consto aqui a minha evidente limitada capacidade de síntese, foi sobretudo muito importante entender que não preciso, tampouco devo, fechar portas, afinal muitas coisas surpreendentes podem acontecer, inclusive as esperadas.
entre tantos sorrisos e lágrimas, entre tantas palavras e tantos silêncios, pude ouvir - acompanhado, em um mesmo momento, de sorriso, lágrima, silêncio e palavras - um especial "eu te amo, fê", de uma pessoa linda, amada, sensível, que me foi imensamente importante e inesperada, que sem saber e sem que eu me desse conta, soube tocar-me, e me fez notar como é bom ser tocada, sobretudo na alma.
o que aprendi graças a tantas pessoas, e graças a uma posição delicada e por vezes angustiante de minha própria escuta, é que tão sublime quanto o que entendo como o mais sublime: o amor, é acreditar... e é nisso que quero insistir, no amor e na crença, no ano que passou, nos meus vinte e tantos anos e nos outros que hão de vir.
(fernanda pereira)
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