
retrata um pouco do tanto da espécie humana, dos que os homens, tal qual pedaço de carne que somos, são diante de supostas situações de privação. com certo humor e inteligência nos coloca diante do que se pode ser, ou mesmo do que outrora teria sido. sobretudo nos convida a nos colocar e/ou questionar o lugar de sujeitos que ocupamos. sujeitos no sentido do que realmente o termo trata, é sujeito porque se sujeita, se sujeita à cultura, e é ela que nos possibilita viver juntos. o lindo do filme é que um palhaço é que faz retrato da sensibilidade e da possibilidade da beleza humana, do sujeito no mundo , que lembra da possibilidade das re.lações, da necessidade do perdão para que as pessoas possam viver juntas, afinal sempre haverá falhas e faltas, e da genuinidade de dar-se ao trabalho de pensar no que pode levar alguém ter determinadas escolhas. destaque à cena - aos meus olhos, a mais linda do filme - do violoncelo e do serrote que opostamente sofisticados, juntos são capazes de tocar e tocar e nos lembrar da fragilidade e da fortaleza que é ser sujeito humano. o triste é pensar que no dado momento da nossa política é também um palhaço – opostamente querido e sensível ao do filme - que está nos pondo diante da “nossa barbárie”, falta de questionamento e lugar no mundo. é um palhaço que retrata um tanto da nossa situação e faz quase vir um “é uma puta falta de sacanagem”, como disse a “sábia” fã dos pops e coloridos meninos “cantantes” da tal banda que ultimamente ganhou destaque e um tanto de prêmios na música brasileira, tal qual as bandas coloridamente semelhantes... e que também nos convidam para a possibilidade de reflexão sobre um tanto do que tem nos rodeado e nos questionarmos que posição queremos ocupar diante do que nos é oferecido, diante de nossos próprios sintomas, diante de nossa vontade de viver, e fazer de nossa existência algo da ordem do prazer que podemos ter enquanto sujeitos da cultura, enquanto sujeitos relacionais, e sim, podemos ter prazer... justamente a medida do prazer que nos permite viver.
(filme: delicatessen, de jean-pierre jeunet e marc caro, frança, 1991)
(texto: fernanda pereira)
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