quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
conselhos...
"ouça um bom conselho
que eu lhe dou de graça
inútil dormir que a dor não passa
espere sentado
ou você se cansa
está provado, quem espera nunca alcança
venha, meu amigo
deixe esse regaço
brinque com meu fogo
venha se queimar
faça como eu digo
faça como eu faço
aja duas vezes antes de pensar
corro atrás do tempo
vim de não sei onde
devagar é que não se vai longe
eu semeio o vento
na minha cidade
vou pra rua e bebo a tempestade"
(bom conselho - chico buarque - por chico e eugenia melo e castro)
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
vá.idades
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
"deixa de bobeira, a vida é tão ligeira"
"anda teu andar sem pressa
chega, a boa hora é essa
entra, puxa essa cadeira
tem a tarde inteira
quase que eu perdi o medo
deixa de guardar segredo
deita, espera amanhecer
sabe como deve ser
traz de volta a claridade
arde um sopro de saudade
senta, deixa de bobeira
a vida é tão ligeira
a promessa que eu fiz foi diferente
quando dá voltas parece que é mais perto
não há jeito melhor que jeito certo
quem quer sombra melhor jogar semente
quando for dar um passo, olhe pra frente
saiba bem do caminho na largada
e não vá se perder com tanta estrada
não se pode esquecer do objetivo
não há laço maior que o afetivo
nem amparo melhor que a madrugada"
(música de alessandra leão e letra de juliano holanda - boa hora)
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e... "arde um sopro de saudade"
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
reveja o meu caso...
"ninguém sabe quem sou eu
também já não sei quem sou
eu bem sei que o sofrimento
de mim até se cansou
na imitação da vida
ninguém vai me superar
pois sorrio da tristeza
senão acerto chorar
mesmo assim eu vou passando
vou sofrendo e vou sonhando
até quando despertar
dona solução
reveja o meu caso com atenção
a esperança aqui é forte
e mora no meu coração"
(imitação - do sambista baiano batatinha, por juçara marçal e kiko dinucci)
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
fantasia...

que eu desde pequena
provava um bocado
da tua merenda
imagina só
que eu sou da tua sala
carregas meus livros
e eu te passo cola
imagina só
que eu sou da tua rua
abri uma porta
de frente pra tua
imagina só
que o teu cão amigo
só sabe o teu cheiro
quando estás comigo
imagina só
que eu sou tua dama
teu último sonho
a mais viva chama
imagina só
que eu sou tua garota
nós dois para sempre
que não és de outra"
(imagina só - silvio rodrigues, versão de chico buarque)
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felizmente, ainda devaneio... fantasio... sonho... e creio!
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
orfeu menos eurídice: coisa incompreensível...
"mulher mais adorada!
agora que não estás,
deixa que rompa o meu peito em soluços!
te enrustiste em minha vida,
e cada hora que passa
é mais por que te amar,
a hora derrama o seu óleo de amor em mim, amada...
e sabes de uma coisa?
cada vez que o sofrimento vem,
essa saudade de estar perto, se longe
ou estar mais perto, se perto
que é que eu sei?
essa agonia de viver fraco,
o peito extravasado
o mel correndo,
essa incapacidade de me sentir mais eu, orfeu;
tudo isso que é bem capaz
de confundir o espírito de um homem.
nada disso tem importância
quando tu chegas com essa charla antiga,
esse contentamento, essa harmonia, esse corpo!
e me dizes essas coisas
que me dão essa força, essa coragem, esse orgulho de rei.
ah, minha eurídice,
meu verso, meu silêncio, minha música!
nunca fujas de mim!
sem ti, sou nada.
sou coisa sem razão, jogada, sou pedra rolada.
orfeu menos eurídice: coisa incompreensível!
a existência sem ti é como olhar para um relógio
só com o ponteiro dos minutos.
tu és a hora, és o que dá sentido
e direção ao tempo,
minha amiga mais querida!
qual mãe, qual pai, qual nada!
a beleza da vida és tu, amada,
milhões amada! ah! criatura!
quem poderia pensar que orfeu,
orfeu cujo violão é a vida da cidade
e cuja fala, como o vento à flor
despetala as mulheres -
que ele, orfeu,
ficasse assim rendido aos teus encantos!
mulata, pele escura, dente branco
vai teu caminho
que eu vou te seguindo no pensamento
e aqui me deixo rente quando voltares,
pela lua cheia
para os braços sem fim do teu amigo!
vai tua vida, pássaro contente
vai tua vida que estarei contigo!"
(monólogo de orfeu, de vinicius e tom, por maria bethania)
sábado, 21 de novembro de 2009
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
veja você...
"veja você, eu que tanto cuidei minha paz
tenho o peito doendo, sangrando de amor
por demais
agora eu sei a extensão da loucura que fiz
eu que acordo cantando
sem medo de ser infeliz
quem te viu e quem te vê, hein rapaz?
você tinha era manias demais
mas aí o amor chegou
desabou a sua paz
despediu seu desamor pra nunca mais
algum dia você vai compreender
a extensão de todo bem que eu lhe fiz
e você há de dizer: eu agora sou feliz
quem te viu e quem te vê, hein rapaz?"
(veja você, música de vinicius de morais e toquinho, cantam toquinho e clara nunes)
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
minha frô amarela
'nenhum dia tiro você da lembrança...
no coração a saudade fez seu ninho...
volta pra cá pra eu te amar de pertinho'
(vídeo: cordel...)
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
distancia...

(freud, 1929, mal-estar na civilização - falando sobre a celebração das pessoas pelas invenções e avanços tecnológicos que suspostamente diminuem as distâncias, quando na verdade possibilitaram que elas aumentassem ainda mais).
domingo, 1 de novembro de 2009
'mancando...'

'aquilo a que não podemos chegar voando, temos de alcançar mancando.'
a escritura diz que: mancar não é pecado"
(freud, 1920, além do princípio do prazer)
(figura: hotel room, 1931, edward hopper)
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
frio...
tédio

uma doença me consome e me inferniza,
a mocidade e o espírito
resulta de uma chaga que nunca cicatriza.
sendo o mais sábio clínico do mundo,
és também filósofo notável,
do peito humano auscultador profundo,
curai-me desse mal inexorável
que me devora o organismo fibra a fibra,
que me enevoa o cérebro e o condensa.
eu tenho um coração que já não vibra
suporto uma cabeça que não pensa.
- o meu amigo tem razão e dessa chaga deveras padece.
contudo, a enfermidade, esse mal que o devora,
é um produto fatal do século de agora
o tédio é uma terrível e mortal loucura
a treva interior, a grande noite escura.
no entanto um choque, um abalo violento
pode curá-lo, creia, apenas num momento.
diga-me: alguma vez amou?
nunca seu peito sangrou por uma paixão ardente?
como a água do mar que se agita e encapela
no soturno rumor do vento e da procela!
- nunca.
- pois bem, meu caro!
procure uma agitação constante
um prazer infindo
um gozo triunfante.
já visitou a grécia, oriente, terra santa?
essas terras que evocam e encantam!
apreciou as belezas da cidade eterna?
que deslumbra e amesquinha a geração moderna!
- em infinitas orgias passei a mocidade
e viajando pela terra, vi a humanidade
como andarilho errante, as mulheres todas
seus lábios beijei em bacanais e bodas.
mulher nenhuma eu vi sobre a terra tamanha
que para mim não fosse uma visão estranha
como parti, voltei, sem encontrar alívio
para esse mal que assim me faz cativo.
- então, como último recurso te receito o circo.
o famoso palhaço que a cidade encanta
palmas e aclamações da população arranca
talvez lhe restitua a gargalhada franca.
- um farsante assim, tão querido e aclamado
tem um riso de morte, um riso mascarado
que encobre a dor sem fim do tédio e do cansaço
foi lá que percebi meu mestre, “sou eu esse palhaço.”
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
'o filme que eu quero viver'
"você me embalou
no teu cartaz
e o filme já morava lá
a chuva caiu
você me escondeu
cheiro de pipoca no ar
e foi aí que tudo escureceu
veio um facho de luz
me cortou
me cegou
me pariu
de bruços, embaixo da cama dormi
a cena final
a luz ascendeu
lá fora não temos dublê
um beijo de sal
seus dedos nos meus
e o filme que eu quero viver
cheiro de pipoca no ar"
(cine star, duo moviola: kiko dinucci e douglas germano - de jonathan silva, kiko dinucci, lincoln antonio...)
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sei do filme que quero viver,
e quando ele entrar em cartaz
essa sala de cinema há de ser minha moradia, minha moranoite,
meu sofá e meu colo para deitar.
(fê, por algo que se "mostra", mesmo que se esconda)
sábado, 24 de outubro de 2009
sou eu, entende?
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
ato

situações como essa, podem ser comparadas com um jogo de poker: só acabam se você sai da mesa, levanta e sai; pois elas podem não ter fim, podem levar a cronicidade autômata (auto.mata). no entanto, é possível entender que os verdadeiros ganhos podem estar fora da mesa, que aquele jogo não é bom para ele, que suas cartas não servem para aquela rodada, e que, sobretudo, o maior blefe é aquele que engana o próprio sujeito. e para levantar da mesa - e sim, pode levantar - é preciso um ATO. um ato em direção ao sentido, em direção a possibilidade, em direção a algo que é diferente do gozo, do excesso ou da carência, mas que é da ordem do prazer, da homeostase possível das coisas, e sim, é possível.
apelo ao ato.
(fernanda pereira - reflexões)
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
autoconservação

estamos pensando aqui num fragmento do processo da formação do eu, e quando surge esse eu, surge a pulsão de autoconservação, aquilo que define uma unidade. movimentos que coloquem essa integridade em risco, podem soar ameaçadores.
como exemplo, temos a mudança de um sujeito para um novo país. pode não haver sintonia do eu com o ambiente, é egodistônico. o que pode haver é uma ameaça imensa de desintegração do eu, pode-se então sentir pânico, ou mesmo perder a coerência do pensamento... a pulsão de autoconservação é acionada e o sujeito pede ajuda. porém, a pulsão sexual (aqui como sendo aquilo que coloca o eu em risco) atua como uma força que quer fazer escapar o desejo, e entra em choque com a pulsão de autoconservação, que é a que busca de preservar a integridade.
trata-se de um embate entre aquilo que quer preservar o eu e aquilo que o coloca em risco.
trata-se de refletir acerca da vivência e transformá-la em experiência que o coloque como uma possibilidade de existência, de sujeito no mundo diante das possibilidades. eis a autoconservação.
(fernanda pereira - reflexões de fragmentos a la fani)
(figura: room in brooklyn, edward hopper)
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
possibilidade

trata-se do chamado por kant, nietzshe, tocqueville e barrays de "rebalho", ou "gregário", do movimento das agregações e das buscas.
dá-se, entre outros, as vivências ou mesmo a possibilidade de experiências. a distinção entre elas existe. na vivência há vida prática, acúmulo de tarefas, execução de atividades, compromissos, afazeres, submissão consciente e inconsciente; uma prática sem reflexão, que é também o primeiro passo para a depressão: vida só pelos impulsos. na experiência o sujeito depara-se com a simbolização, é preciso um ócio, um tempo para si para entender do que se tratou a vivência; sim, acredite: o ócio, o tempo para si, é permitido. eis então a possibilidade da transformação da vivência em experiência.
o estar só pode ser recebido na função de reflexão, e pode ser bem recebido no entendimento de que se pode sim estar junto.
no entanto, aquilo que não se simboliza, ou que não se pode simbolizar é o que traz angústia, ora, eis então a necessidade de re-significar.
a angústia, para lacan, é aquilo que se aproxima do real, e por tratar-se do real, não se pode significar totalmente, apenas parcialmente, porém, entenda-se aqui que há uma possibilidade. (fernanda pereira - reflexões de fragmentos a la montoto)
(figura: sunday, 1926, edward hopper)
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
delicadeza, gentileza gera gentileza
"já cansei do seu mau humor
me deixa em paz
faz tempo que não me lembro mais quem sou
você parece que esquece
que o que me atrai é a sua delicadeza
gentileza gera gentileza"
(claudia dorei - gentileza)
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
venha descansar na minha cama...
"nossa senhora da paz
a bailarina do circo
vem beijar a pele da cidade
as feridas
os jardins
a pressão
e o motor
nossa senhora dos sonhos
a trapezista do circo
venha descansar na minha cama
traga toda luz que há no céu
traga toda luz que há no chão
leva meu atalho e minha sorte
no movimento da rua
as feridas
os jardins
a pressão
e o motor"
(nossa senhora da paz - cordel do fogo encantado)
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"nossa... paz...
[nossos]... sonhos
venha descansar na minha cama"
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
quero ter olhos pra ver...
a luz, há de chegar aos corações
do mal, será queimada a semente
o amor, será eterno novamente
é o juízo final, a história do bem e do mal
quero ter olhos pra ver, a maldade desaparecer"
(nelson cavaquinho e elson soares - juízo final)
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'o amor, será eterno novamente
quero ter olhos pra ver...'
(deusa dos orixás e juízo final - clara nunes, 1975)
domingo, 20 de setembro de 2009
'o peito como bússola'
"já que não estamos aqui só à passeio.
já que a vida enfim não é recreio.
eu vou, na bubuia, eu vou...
flutuo, navegando sem tirar os pés do chão,
365 dias na missão...
na bubuia eu vou...
subo o rio no contra fluxo,
à margem da loucura,
na fé que a vida
após a morte continua.
eu vou, na bubuia, eu vou...
entoo uma toada em dia de noite escura,
na sequência, na cadência, na fissura...
eu vou na bubuia, eu vou...
eu vou suave, bebendo água na cuia.
olho aberto, papo reto,
o peito como bússola.
nenhum receio do lado negro da lua,
que me guia, na bubuia.
eu vou, na bubuia, eu vou...
o destino é o mar onde vou me desfazer,
contente a deslizar na correnteza do viver
na bubuia eu vou...
eu vou, na bubuia, eu vou"
(anélis assumpção, thalma de freitas e céu - bubuia)
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'o peito como bússola,
nenhum receio do lado negro da lua'
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
"felicidade é quase tudo ou quase nada"
sonhei sonhei,
e resolvi pular um muro,
sonhei sonhei,
mas muro já não existia.
até aí tava legal, criei um muro virtual,
mas o chip de coragem que eu tinha implantado
não era compatível com o pulo instalado,
então me teletransportei para o passado
e quis comer um frango assado.
aquele certamente não era o meu dia,
num passado tão remoto não tinha padaria.
pensei em tomar uma cerveja gelada
mas a geladeira ainda não tinha sido inventada!
'vamo caçar', disse o cara do lado.
'deixa pra lá, onde é que é o supermercado?'
voltou com uma galinha viva
pensei: 'meu Deus que coisa primitiva'
com um sorriso nos lábios, sem maldade, ele falou contente:
'torce o pescoço até matar e depois depena na água quente'
eu disse: 'chega, eu quero voltar pro presente'.
acordei sobressaltado, tomei um banho,
sentei na cama pelado e compus um samba estranho.
olhei o relógio era meio-dia, eu fui a pé até a padaria.
'eu quero aquele bem passado e uma gelada
que eu vou comer lá na calçada'.
sentei na guia e chorei (chorei , chorei)
sentei na guia e chorei (chorei , chorei).
lambi a lágrima salgada,
compreendi: felicidade é quase tudo ou quase nada.
...équasenadéquasetudoquasetudouquasenada..."
(samba estranho, adoniran barbosa e itamar assumpção, por juçara marçal e kiko dinucci)
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no presente.
domingo, 23 de agosto de 2009
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
'dentro da caixa torácica...'
sábado, 25 de julho de 2009
'doce doce doce'...
sexta-feira, 17 de julho de 2009
delicada...
"espera, que o tempo trata da solidão
melancolia sem ilusão não é nada
aguarda, tira essa mágoa do coração
ensina o verso a virar canção delicada
então pagar pra ver a vida ensinar
que a dor é vai e vem
qual onda no mar
e se faltar alguém no seu despertar
é bom se refazer até o amor chegar
espera, que o tempo trata da solidão
melancolia sem ilusão não é nada
repara, que um dia é pouco pra perceber
que a escuridão faz por merecer a alvorada
então pagar pra ver a vida ensinar
que a dor é vai e vem
qual onda no mar
e se faltar alguém no seu despertar
é bom se refazer até o amor chegar
espera que o tempo trata da solidão
melancolia sem ilusão não é nada
aguarda, tira essa mágoa do coração
e ensina o verso a virar canção delicada"
(teresa cristina e grupo semente - delicada, de teresa cristina e zé renato)
sexta-feira, 3 de julho de 2009
gente aberta
"eu não quero mais conversa
com quem não tem amor
gente certa, gente aberta
se o amor chamar eu vou
pode ser muito bonito
o mar,o sol e a flor
mas se não abrir comigo
não vou, não vou, não vou
as pessoas que caminham
seja lá para onde for
é uma gente que é tão minha
que eu vou, que eu vou, que eu vou, que eu vou
quem não tem nada com isso
veio a vida e não amou
gente certa, gente aberta
se o amor chamar
eu vou, eu vou, eu vou, eu vou, eu vou, eu vou
eu não quero mais conversa
com quem não tem amor
gente certa, gente aberta
se o amor chamar eu vou
eu vou, eu vou, eu vou"
(gente aberta - o rei, roberto carlos e erasmo carlos - por silvia machete)
sábado, 27 de junho de 2009
'me exponho a tanta emoção...'

é o sol do mundo de tristeza que a vida me dá
me exponho a tanta emoção
nasci pra sonhar e cantar
na busca incessante do amor
que desejo encontrar
tanta gente por aí
que não terá,
a metade do prazer que sei gastar.
do amor sou madrugada
que padece não esquece
e que há sempre um amanhã
para o seu pranto secar"
(nasci pra sonhar e cantar - dona ivone lara e décio carvalho)
sexta-feira, 26 de junho de 2009
ai...
"ai, mas que saudade eu tenho da bahia
ai, se eu escutasse o que mamãe dizia
'bem, não vá deixar a sua mãe aflita
a gente faz o que o coração dita
mas esse mundo é feito de maldade e ilusão'
ai, se eu escutasse hoje eu não sofria
ai, essa saudade dentro do meu peito
ah, se ter saudade e ter algum defeito
eu pelo menos mereço o direito
de ter alguém com que eu possa me confessar
ponha-se no meu lugar
e veja como sofre um homem infeliz
que teve que desabafar
dizendo a todo mundo o que ninguém diz
vejam que situação
e vejam como sofre um pobre coração
pobre de quem acredita
na glória e no dinheiro para ser feliz"
(dorival caymmi - saudade da bahia)
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ai...
quarta-feira, 24 de junho de 2009
... a espera...

sábado, 23 de maio de 2009
'assim é que o amar e o amor...'

- de algo, sim.
- isso então, continuou ele, guarda contigo, lembrando-te de que é que ele é amor; agora dize-me apenas o seguinte: será que o amor, aquilo de que é amor, ele o deseja ou não?
- perfeitamente - respondeu o outro.
- e é quando tem isso mesmo que deseja e ama que ele então deseja e ama, ou quando não tem?
- quando não tem, como é bem provável - disse agatão.
observa bem, continuou sócrates, se em vez de uma probabilidade não é uma necessidade que seja assim, o que deseja deseja aquilo de que é carente, sem o que não deseja, se não for carente. é espantoso como me parece, agatão, ser uma necessidade; e a ti?
- também a mim - disse ele.
tens razão. pois porventura desejaria quem já é grande ser grande, ou quem já é forte ser forte?
- impossível, pelo que foi admitido.
- com efeito, não seria carente disso o que justamente é isso.
- é verdade o que dizes.
...
disse então sócrates: - não é isso então amar o que ainda não está à mão nem se tem, o querer que, para o futuro, seja isso que se tem conservado consigo e presente?
- perfeitamente - disse agatão.
- esse então, como qualquer outro que deseja, deseja o que não está a mão nem consigo, o que não tem, o que não é ele próprio e o de que é carente; tais são mais ou menos as coisas de que há desejo e amor, não é?
- perfeitamente - disse agatão.
- vamos então, continuou sócrates, recapitulemos o que foi dito. não é certo que é o amor, primeiro de certas coisas, e depois, daquelas de que ele tem precisão?
- sim - disse o outro.
- depois disso então, lembra-te de que é que em teu discurso disseste ser o amor; se preferes, eu te lembrarei. creio, com efeito, que foi mais ou menos assim que disseste, que aos deuses foram arranjadas suas questões através do amor do que é belo, pois do que é feio não havia amor. não era mais ou menos assim que dizias?
- sim, com efeito - disse agatão.
- e acertadamente o dizes, amigo, declarou sócrates; e se é assim, não é certo que o amor seria da beleza, mas não da feiúra? concordou.
- não está então admitido que aquilo de que é carente e que não tem é o que ele ama?
- sim - disse ele.
- carece então de beleza o amor, e não a tem?
- é forçoso.
- e então? o que carece de beleza e de modo algum a possui, porventura dizes tu que é belo?
- não, sem dúvida.
- ainda admites por conseguinte que o amor é belo, se isso é assim?
e agatão: - é bem provável, ó sócrates, que nada sei do que então disse?
- e no entanto, prosseguiu sócrates, bem que foi belo o que disseste, agatão. mas dize-me ainda uma pequena coisa: o que é bom não te parece que também é belo?
- parece-me, sim.
- se portanto o amor é carente do que é belo, e o que é bom é belo, também do que é bom seria ele carente.
- eu não poderia, ó sócrates, disse agatão, contradizer-te; mas seja assim como tu dizes.
- é a verdade, querido agatão, que não podes contradizer, pois a sócrates não é nada difícil.
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e quem é seu pai - perguntei-lhe - e sua mãe?
- é um tanto longo de explicar, disse ela; todavia, eu te direi. quando nasceu afrodite, banqueteavam-se os deuses, e entre os demais se encontrava também o filho de prudência, recurso. depois que acabaram de jantar, veio para esmolar do festim a pobreza, e ficou pela porta. ora, recurso, embriagado com o néctar - pois vinho ainda não havia - penetrou o jardim de zeus e, pesado, adormeceu. pobreza então, tramando em sua falta de recurso engendrar um filho de recurso, deita-se ao seu lado e pronto concebe o amor. Eis por que ficou companheiro e servo de afrodite o amor, gerado em seu natalício, ao mesmo tempo que por natureza amante do belo, porque também afrodite é bela. e por ser filho o amor de recurso e de pobreza foi esta a condição em que ele ficou. primeiramente ele é sempre pobre, e longe está de ser delicado e belo, como a maioria imagina, mas é duro, seco, descalço e sem lar, sempre por terra e sem forro, deitando-se ao desabrigo, às portas e nos caminhos, porque tem a natureza da mãe, sempre convivendo com a precisão. segundo o pai, porém, ele é insidioso com o que é belo e bom, e corajoso, decidido e enérgico, caçador terrível, sempre a tecer maquinações, ávido de sabedoria e cheio ele recursos, a filosofar por toda a vida, terrível mago, feiticeiro, sofista: e nem imortal é a sua natureza nem mortal, e no mesmo dia ora ele germina e vive, quando enriquece; ora morre e de novo ressuscita, graças à natureza do pai; e o que consegue sempre lhe escapa, de modo que nem empobrece o amor nem enriquece, assim como também está no meio da sabedoria e da ignorância. Eis com efeito o que se dá.
nenhum deus filosofa ou deseja ser sábio - pois já é -, assim como se alguém mais é sábio, não filosofa.
nem também os ignorantes filosofam ou desejam ser sábios; pois é nisso mesmo que está o difícil da ignorância, no pensar, quem não é um homem distinto e gentil, nem inteligente, que lhe basta assim. não
deseja portanto quem não imagina ser deficiente naquilo que não pensa lhe ser preciso.
...
e eu lhe disse: - muito bem, estrangeira! é belo o que dizes! sendo porém tal a natureza do amor, que proveito ele tem para os homens?
- eis o que depois disso - respondeu-me - tentarei ensinar-te. tal é de fato a sua natureza e tal a sua origem; e é do que é belo, como dizes. ora, se alguém nos perguntasse: em que é que é amor do que é belo o amor, ó sócrates e diotima? ou mais claramente: ama o amante o que é belo; que é que ele ama?
- tê-lo consigo - respondi-lhe.
- mas essa resposta - dizia-me ela - ainda requer uma pergunta desse tipo: que terá aquele que ficar com
o que é belo?
- absolutamente - expliquei-lhe - eu não podia mais responder-lhe de pronto a essa pergunta.
- mas é, disse ela, como se alguém tivesse mudado a questão e, usando o bom em vez do belo, perguntasse: vamos, sócrates, ama o amante o que é bom; que é que ele ama?
- tê-lo consigo - respondi-lhe.
- e que terá aquele que ficar com o que é bom?
- isso eu posso - disse-lhe - mais facilmente responder: ele será feliz.
- é com efeito pela aquisição do que é bom, disse ela, que os felizes são felizes, e não mais é preciso ainda perguntar: e para que quer ser feliz aquele que o quer? ao contrário, completa parece a resposta.
- é verdade o que dizes - tornei-lhe.
- e essa vontade então e esse amor, achas que é comum a todos os homens, e que todos querem ter sempre consigo o que é bom, ou que dizes?
- isso - respondi-lhe - é comum a todos.
- e por que então, ó sócrates, não são todos que dizemos que amam, se é que todos desejam a mesma coisa e sempre, mas sim que uns amam e outros não?
- também eu - respondi-lhe - admiro-me.
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assim é que o amar e o amor não é todo ele belo e digno de ser louvado, mas apenas o que leva a amar belamente.
...
o amante do caráter, que é bom, é constante por toda a vida, porque se fundiu com o que é constante. ora, são esses dois tipos de amantes que pretende a nossa lei provar bem e devidamente, e que a uns se aquiesça e dos outros se fuja. por isso é que uns ela exorta a perseguir e outros a evitar, arbitrando e aferindo qual é porventura o tipo do amante e qual o do amado.
...
um só caminho então resta à nossa norma, se deve o bem-amado decentemente aquiescer ao amante.”
(o banquete, platão – a.c. 416)
quinta-feira, 21 de maio de 2009
objetivo principal...
quarta-feira, 20 de maio de 2009
latinha...

o que é luz tem a ver comigo, me olha, e graças a essa luz, no fundo do meu olho, algo se pinta – que de modo algum é simplesmente a relação construída, o objeto sobre o qual demora a filosofia – mas que é impressão, que é borboteamento de uma superfície que não é, de antemão, situada para mim em sua distância. aí está algo que faz intervir o que é elidido na relação geometral – a profundidade do campo, com tudo que ela apresenta de ambíguo, de variável, de não dominado de modo algum por mim. é mesmo mais ela que me apreende, que me solicita a cada instante, e faz da paisagem coisa diferente de uma perspectiva, coisa diferente do que chamei de quadro.
...
e eu, se sou alguma coisa no quadro, é também sob essa forma de anteparo, que ainda há pouco chamei de mancha."
(jacques lacan – seminário 11 – a linha e a luz)
(figura: os embaixadores, quadro de hans holbein, 1533)
domingo, 17 de maio de 2009
...alma deserta
quando a saudade aperta
foge-me a inspiração
sinto a alma deserta
um vazio se faz em meu peito
de fato eu sinto
em meu peito um vazio
me faltando as tuas carícias
as noites são longas
e eu sinto mais frio.
procuro afogar no álcool
a tua lembrança
mas noto que é ridícula
a minha vingança
vou seguir os conselhos
de amigos
e garanto que não beberei
nunca mais
e com o tempo
essa imensa saudade que sinto
se esvai"
(peito vazio - cartola e elton medeiros)
quinta-feira, 14 de maio de 2009
"a vida veste ainda sua mais dura pele..."
domingo, 3 de maio de 2009
um chorinho...

já não cabem na batida
vem, morena,
sexta-feira, 1 de maio de 2009
isso é coisa da antiga
"na tina, vovó lavou, vovó lavou
a roupa que mamãe vestiu quando foi batizada
e mamãe quando era menina teve que passar, teve que passar
muita fumaça e calor no ferro de engomar
hoje mamãe me falou de vovó, só de vovó
disse que no tempo dela era bem melhor
mesmo agachada na tina e soprando no ferro de carvão
tinha-se mais amizade e mais consideração
disse que naquele tempo a palavra de um mero cidadão
valia mais que hoje em dia uma nota de milhão
disse afinal que o que é de verdade ninguém mais hoje liga
isso é coisa da antiga, ai na tina...
hoje o olhar de mamãe marejou, só marejou
quando se lembrou do velho, o meu bisavô
disse que ele foi escravo mas não se entregou à escravidão
sempre vivia fugindo e arrumando confusão
disse pra mim que essa história do meu bisavô, negro fujão
devia servir de exemplo a "esses nego pai joão"
disse afinal que o que é de verdade
ninguém mais hoje liga
isso é coisa da antiga..."
(coisa da antiga - wilson moreira e nei lopes - clara nunes)
'o que é de verdade ninguém mais hoje liga'...
sexta-feira, 24 de abril de 2009
é saudade...
terça-feira, 21 de abril de 2009
cante para mim pablo neruda
um menino nas trevas é um morto.
não sei por que tinha que morrer
para seguir sem rumo no deserto.
de tanto amar cheguei a tanta tristeza,
de tanto combater fui destruído
e agora entre as mãos de tereza
dormirá a cabeça de um bandido.
foi meu corpo primeiro separado,
degolado depois de ter caído,
não clamo pelo crime consumado,
só reclamo por meu amor perdido.
...
mas como saberão os que virão
entre a névoa, a verdade desnuda?
daqui a cem anos, peço, companheiros,
que cante para mim pablo neruda
não pelo mal que tenha ou não tenha feito,
nem pelo bem, tampouco, que sustive,
mas porque a honra foi meu direito
quanto perdi o único bem que tive.
e assim na inquebrantável primavera
passará o tempo e se saberá minha vida,
que em sendo amarga e também é justiceira
não a dou por ganha nem perdida.
e como toda vida passageira
foi talvez como um sonho confundida.
os violentos mataram minha quimera
e por herança deixo minhas feridas."
(fala a cabeça de murieta, na barcarola - de pablo neruda)
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fê,ridas e voltas
segunda-feira, 20 de abril de 2009
pra eu passar
"abra o caminho dos passos
abra o caminho do olhar
abra caminho tranquilo pra eu passar
tomba o mal de joelho
só levantando o ogó
dobra a força dos braços que eu vou só
'guardaelêonaorum
cobachiredessifunfum'
cuida de mim que eu vou pra te saldar"
(kiko dinucci e bando afromacarrônico)
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abra caminho tranquilo pra eu passar
quarta-feira, 8 de abril de 2009
vai meu bloco...
segunda-feira, 2 de março de 2009
carnaval além do belo horizonte
com certeza...
lá nesse lugar o amanhecer é lindo
com flores festejando mais um dia que vem vindo...
onde a gente pode se deitar no campo
se amar na relva escutando o canto dos pássaros...
aproveitar a tarde sem pensar na vida
andar despreocupado sem saber a hora de voltar...
bronzear o corpo todo sem censura
gozar a liberdade de uma vida sem frescura...
se você não vem comigo
tudo isso vai ficar no horizonte esperando por nós dois
se você não vem comigo
nada disso tem valor: de que vale o paraíso sem amor?
além do horizonte existe um lugar bonito e tranqüilo prá gente se amar..."
(além do horizonte - roberto carlos / erasmo carlos... por nina nara)
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você vem comigo?
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
...about life

“- isso é a vida...
- sim.
- sabe o que a vida é?
- a vida é... uma pequena risada horrível no meio de uma marcha da morte forçada à caminho do inferno.
- não, não é.
- uma interminável lamúria de tristeza.
- não. a vida é um salto único para a felicidade.
- ... eu sei...
- escutou isso?
- ...
- nunca mais vai jogá-la fora?
- nunca.
- é a única assim.
- eu sei.”
dedication (filme de justin theurox)
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
alvorar.dá
"- não gostaria de poder lhe dizer isto?...
- está se excedendo...
- por que?
- esse comportamento tem de cessar imediatamente!
- está vendo? é exatamente isso! não pode parar porque está dentro de nós e não se para algo que está dentro de nós.
- não está dentro de mim.
- claro que está.
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- no meio do caminho eu pensei: o que estou fazendo?... tinha a vida certa!
- nada disso existe.
- ...isso não devia ocorrer assim!
- não deve ocorrer de nenhuma maneira em especial...
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- o que vai acontecer agora?
- eu não sei.
- e você sabe o que vai acontecer agora?
- não, não sei.
- eu também não!"
(a vida em preto e branco, 'pleasantville' - roteiro, produção e direção de gary ross)
...
"o sol colorindo é tão lindo é tão lindo... tingindo tingindo"
(cartola, carlos cachaça e hermínio bello de carvalho)
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
"é o que me interessa"
daqui desse momento
do meu olhar pra fora
o mundo é só miragem
a sombra do futuro
a sobra do passado
assombram a paisagem
quem vai virar o jogo
e transformar a perda
em nossa recompensa
quando eu olhar pro lado
eu quero estar cercado
só de quem me interessa
às vezes é um instante
a tarde faz silêncio
o vento sopra a meu favor
às vezes eu pressinto
e é como uma saudade
de um tempo que ainda não passou
me traz o teu sossego
atrasa o meu relógio
acalma a minha pressa
me dá sua palavra
sussurre em meu ouvido
só o que me interessa
a lógica do vento
o caos do pensamento
a paz na solidão
a órbita do tempo
a pausa do retrato
a voz da intuição
a curva do universo
a fórmula do acaso
o alcance da promessa
o salto do desejo
o agora e o infinito
só o que me interessa
(é o que me interessa - lenine/dudu falcão - labiata - lenine)
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é só o que me interessa...
fê...
bom ano aos bons...!