quinta-feira, 19 de abril de 2012

metade

"estava sozinho, os seus amores haviam falhado e sentia que tudo lhe faltava pela metade, como se tivesse apenas metade dos olhos, metade do peito e metade das pernas, metade da casa e dos talheres, metade dos dias, metade das palavras para se explicar às pessoas. via-se metade ao espelho e achava tudo demasiado breve, precipitado, como se as coisas lhe fugissem, a esconderem-se para evitar a sua companhia... se via sem mais ninguém, carregado de ausências e de silêncios como os precipícios ou poços fundos... um sem fim, e pouco ou nada do que continha lhe servia de felicidade. para dentro do homem o homem caía"
(o filho de mil homens, valter hugo mãe).

segunda-feira, 26 de março de 2012

"assim você me mata"

fim de tarde, começo de noite, duas horas de trânsito para chegar de casa (Indianópolis) até a puc (consolação). ônibus cheio, pessoas dormindo em pé, muito calor, 18h30 e 30 graus. é hora de descer, e o cobrador começa a gritar com alguém que está atrás de mim, era o assaltante. olho assustada. o cobrador se levanta e ameaça quebrar a cara dele se ele fizesse aquilo (aquilo era rasgar a minha bolsa com o canivete que guardou de volta no bolso). as pessoas percebem e começam a gritar que ele tem que morrer, que não aguentam mais ele fazendo aquilo todo dia. muitos começam a descer rapidamente do ônibus, umas mulheres empurrando as outras e o cobrador e outros começando a chutar o homem assaltante... desacredito: uns assaltam, outros chutam. ando rapidamente na rua e um sujeito solta o tal adjetivo chulo “gostosa”... era como um cachorro babando num pedaço de picanha. desde quando isso deu certo para alguém? não entendo... e dá nojo! chego na puc. na fila do elevador, duas moças de terninho subindo para o 12 andar para a sua pós em direito... uma diz: “homem tem que ser pegador”, a amiga completa “pegador e sincero”. assusto-me com a querência das moças pelos modernos cafafetivosinceros, esses que dizem “não quero mesmo, e já deixo avisado porque é melhor ser sincero”. nem se dão ao trabalho da ilusão. respiro fundo algumas vezes e entro para a aula. o novo professor em sua aula de pesquisa de mercado/marketing, define marketing como “relacionamentos”. minutos depois resolver fazer a chamada, pois é, chamada, com seus muitos alunos de 30 a 40 anos da pós. diz que é bom fazer chamada porque assim ele já vai conhecendo as pessoas. o que soa estranho, dado que ele ficou preso ao papel e em momento algum levantou os olhos para ver seus bons alunos falarem “eu”, “aqui” e “presente” enquanto inutilmente levantavam o braço. entre tantas falas difíceis de digerir, termos em inglês, gracinhas para o aluno rir... e da indicação da revista época para os estudos, resolvo voltar para casa... na volta, o motorista da vez não para para o moço japonês gordinho que deu sinal... o moço bravo, começa a correr e a dar socos no ônibus, o motorista por cerca de 5 metros brinca de parar e andar, provocando o moço... as pessoas da rua e do ônibus riem da situação... o moço joga suas sacolas no chão e tenta entrar no ônibus, as moças pedem pelo amor de deus para o motorista ir embora. desacreditada, resolvo fechar os olhos até chegar em casa... siba cantava “’queria fazer uma prece para um santo qualquer, que venha de onde vier, mas me tire daqui. o caso é que eu nunca aprendi como faz pra rezar, também não ia adiantar, que reza de ateu não dá nada. a canoa furada já tá perto de afundar”. chego em meu ponto. dou sinal. só penso... “não, não existe amor em sp”, e sim, “assim você me mata”. entro na padaria e peço um sonho para viagem. marejou, mas nem água mais caiu.

sexta-feira, 23 de março de 2012

cia

e já sabia que não ia lhe acompanhar.(...em/para sp...)

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

terapia

porque a vida está aí... é para viver!

domingo, 28 de agosto de 2011

volta



"volta!
vem viver outra vez ao meu lado!
não consigo dormir sem teu braço,
pois meu corpo está acostumado..."
(lupicinio rodrigues)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

olhos abertos

era lindo quando os olhos naturalmente se fechavam para lembrar com beleza e fantasia do que era lindo, da pessoa que fazia um sorriso e um suspiro sem convite aparecerem... depois, os olhos resistiam a fechar porque ali só restava o temor e a tristeza da lágrima prestes a cair... os olhos abertos seguravam o marejar dos olhos em seu contorno... e já não deixava mais a fantasia fazer giros pela memória...

domingo, 19 de junho de 2011

não conto

e esse pranto
em cada canto,
que não conto
porque só sei cantar.